DA REPORTAGEM LOCAL

Brinquedos, insetos que falam, monstros de todas as cores e formas, peixes... e mais peixes?! Mais que satisfeita com o sucesso de suas produções, a indústria de animação americana parece estar começando a se repetir.
Na esteira de "Procurando Nemo", da Pixar, a rival DreamWorks vai buscar embaixo d'água a fórmula para se dar bem nas bilheterias e na enxurrada de bonequinhos e produtos inspirados em sua galeria de personagens.
É a vez de "O Espanta Tubarões", com uma história pouco profunda, para não perder o trocadilho. Estamos outra vez em alto-mar, onde vive Oscar e uma infinidade de peixinhos coloridos -ainda que de traços e cultura nitidamente afro-americanos.
Oscar é um típico malandrão. Prefere apostar em cavalos (marinhos) a dar duro e não pode ver um rabo (de peixe) de saia.
Num certo dia ele se depara com dois tubarões caçando, mas, quando está prestes a ser abocanhado, é salvo por uma âncora que vai direto na "cabeça" de um dos tubarões. O sobrevivente é Lenny, um tubarão vegetariano. (Já viu essa piada antes? Eu já.)
Oscar volta para casa posando de "matador de tubarões", conquista as gatinhas e, o que é pior, a ira da família de Lenny, uma espécie de clã Corleone submarino.
Sentiu o drama? Apesar da animação de altíssima qualidade, a trama não resiste a quase uma hora e meia de filme. O humor soa previsível, e os personagens, excessivamente estereotipados.
A DreamWorks talvez devesse ter investido em criatividade. Ainda que milionário e relativamente pouco explorado, o mercado de animação tem escolhido seus vencedores não pelo sobrenome, mas pela originalidade de seus produtos. E, nesse quesito, seu filme corre o risco de se afogar na correnteza. (DIEGO ASSIS)

O Espanta Tubarões
Shark Tale
 
Direção: Bibo Bergeron, Vicky Jenson e Rob Letterman
Produção: EUA, 2004
Quando: a partir de hoje nos cines Butantã, Interlagos e circuito