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ERIKA PALOMINO
VERÃO 2005 DECOLA COM INCRÍVEL MODA DE PARIS
Depois de uma temporada
morna em Milão, em que os
principais desfiles foram mesmo o da Prada e o da Jil Sander
-em seu novo minimalismo
feminino-, Paris começou na
segunda-feira dando mais esperança aos fashionistas. A
grande injeção de ânimo foi
dada na tarde de quarta-feira,
com o teatral e divertido desfile
de Viktor & Rolf. Trata-se da
mais bem-feita peça de marketing dos últimos tempos, na
moda. Primeiro, entravam na
passarela modelos com roupas
pretas, trilha sonora dramática, em clima apocalíptico, porém urbano e chique. Smokings, trench-coats, tudo desfilado com capacetes de motoqueiro, também pretos. Lacinhos aparecem nos detalhes
das roupas, até se transformarem em megalaços, praticamente em mulheres-embrulhos. Uma a uma, elas foram
compondo um tableau ao fundo, com poses junto a duas escadas. O final? Que nada. Uma
explosão pirotécnica acontece
ali, e o palco se vira, dando lugar a uma visão semelhante,
mas onde modelos usavam
roupas cor-de-rosa, vermelhas
e beges, otimistas e suaves, ao
som de música doce e a frase,
ecoando: "Love bomb". Fitas
de presente e flores enfeitam
vestidos e looks em pink, atingindo momentos climáticos
como Karen Élson num look
debutante, saia rodada rosa,
até uma modelo com a cabeça
coberta como a ponta de uma
embalagem de rosa, chegando
a Karolina Kurkova como um
grande embrulho de cetim.
GALLIANO MUDA TUDO NA DIOR
Viktor & Rolf são hoje os grandes iconoclastas da moda e neste momento até debocham dessa onda de pink e otimismo tomando conta das passarelas. Na
saída do desfile da dupla, já satisfeitos por esse tipo de apresentação valer a vinda a Paris,
recebemos uma sacola pink
com o perfume da dupla, lançado nesta ocasião. O nome? Love
Bomb. E ninguém me fale mais
em marketing de moda e PR até
a próxima São Paulo Fashion
Week!
Na Dior, John Galliano mais
uma vez é notícia. Chegou às
primeiras páginas dos jornais
internacionais vestido de Charles Chaplin, no encerramento
do desfile da maison, na tarde
de terça-feira. Sua moda para a
tradicional casa francesa também ganhou as manchetes, pela
mudança de rumos. O estilista
se limpou dos excessos de seu
estilo ali, que vinha dando sinais de esgotamento de um ano
para cá -ainda que com ótima
resposta de vendas globais. Respondendo às críticas em relação
a silhuetas e volumes fora da
realidade -justo num momento de pé-no-chão para a
moda-, Galliano dividiu o
desfile em quatro partes, bem
jovial nas duas primeiras, mais
adulto nas últimas. Teve a cara-de-pau de abrir o desfile com
uma modelo adolescente, sem
maquiagem e cabelo solto, que
diferença dos looks rebuscados
criados pela genial Pat
McGrath. Galliano encheu a
passarela de... produto. Todos
os looks tinham bolsas ("n" variações da famosa forma da sela), e tudo usável, mas meio solto, em termos de estilo. O mais
forte, em termos conceituais,
foi o momentinho pacifista, em
que, ao som de "Imagine", cantada por Madonna no show, as
modelos desfilavam vestidos
cortados no viés em estampa
camuflada de flores, t-shirts em
que se lia "Dior not war". Ahn.
NATUREZA É TENDENCINHA DA HORA
Quer saber de uma tendencinha
que já dá para detectar? Essa
coisa da natureza. Mar, água,
praia, náuticos... Das cores lavadas da água aos corais, até mesmo uma roupa inspirada nos
looks para a areia, o natural e o
suave aparecem todos os dias
aqui em Paris. Helmut Lang colocou nós e cordas e pérolas
pratas e pretas nos seus belos e
femininos vestidos. Na Balenciaga, o sempre-exótico Nicolas
Ghesquiere acionou um repertório de uniformes de Marinha
para um verão conceitual e seco. A grega Sophia Kokosalaki
também fez natureza, inspirada
por conchas e elementos do
fundo do mar, numa boa estréia
em Paris. Na Ungaro, Giambatista Valli fez sereias e folk grego
(numa coleção com babados de
mais, é verdade). Mas está tudo
lá. É a busca por uma atmosfera
mais harmoniosa e tranqüila,
na moda, o mood do momento.
TRILHA SONORA DE PARIS
O que é uma temporada de
moda sem os CDs da estação,
não é mesmo? Depois de uma
passadinha rápida na Colette,
me abasteci com uma pilha de
sons novos. Do que mais gostei: a dupla Munk. Estou adorando esse projeto, da turma
de Gonzáles (que também
lançou disco novo), eles lançam pela Gomma Records, e
uma das faixas tem a inconfundível participação do meu
ídolo James Murphy (LCD
Soundsystem, que você conhece aí do sonarsound). Adquiri também a nova coletânea da série Kill the DJ, a parte
2, mixado pela dupla JG Wilkes e JD Twitch (eu também
não conhecia). É bem legal,
eles misturam bastante e colocam até Os Mutantes ("Minha
Menina"). Doidão. Claro, a
Colette número 6, com Franz
Ferdinand, The Rapture, TV
on the Radio, bem legal. Tipo
rádio. Ah, e por falar em rádio, sempre gosto de comprar
o Nova Tunes da hora, desta
vez o número 10, seleção da
rádio que gosto de ouvir por
aqui. Tem a diva Feist e nomes interessantes da música
francesa cool. Ah, comprei
VHS ou Beta, sensacional,
com o vocalista Mark Palgy
cantando IGUAL ao Robert
Smith, que tal? O The Faint
também é legal, com os dois
pés no punk, e o Dead Combo, do Output, é bom, mas
bem barulhento, ainda não
rolou muito.
STELLA SOLTA A MÃO
Stella McCartney também entrou nessa onda mais suave.
Ainda brincando com elementos do guarda-roupa masculino, estilo de que ela tanto gosta,
a filha de Paul se jogou em proporções soltas e também mais
esportivas, tudo solto e quase
jogado, sempre em tons lavados
no azul e no verde, e o branco
apareceu muito em saias tipo
ciganas (atenção: outra tendência desta temporada). Os vestidões hippies ganharam estampa batik. Legal, comercial, acessível, mas o desfile se tornou repetitivo depois das mil entradas
de moda praia. De toda forma, é
roupa para as meninas de hoje.
Eu adoro. Adorei o cabelo também, solto, só com textura. Viu
que acabou também a era da
chapinha??
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