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MÚSICA
"Supergenerous" é o novo CD do percussionista brasileiro radicado nos EUA
Cyro Baptista faz duo com canadense
CARLOS BOZZO JUNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA
Pouco conhecido no Brasil, assim como sua obra, é Cyro Baptista, 50, percussionista brasileiro
radicado há 20 anos nos EUA, que
lança, pelo selo Blue Note, o CD
"Supergenerous", em duo com o
guitarrista canadense Kevin Breit.
No entanto, em terras estrangeiras, o músico paulistano trilha
uma carreira de grande sucesso,
sendo constantemente requisitado por artistas de primeiro time.
Entre eles estão Laurie Anderson,
Cassandra Wilson, David Byrne,
Dr. John, Paul Simon, Medeski,
Martin and Wood, Carly Simon,
John Zorn, Kathleen Battle e o
pianista norte-americano Herbie
Hancock, com quem excursionou
durante um ano por vários países,
apresentando seu último CD,
"Gerswhin's World"."Quando fui
chamado pelo Hancock, tive receio por não ser músico de jazz.
Ele, então, me disse: "Na minha
banda você nunca será dispensado por cometer erros, mas, sim,
por não arriscar". Isso me deixou
mais tranquilo, e acabei tendo
uma das melhores experiências
musicais de minha vida", disse o
brasileiro. Baptista afirma que, de
cinco concertos com o pianista,
três eram ruins, um era bom e um
fantástico e justifica: "Isso se dava,
porque a idéia era a de sempre
tentarmos superar o momento de
um concerto que havíamos considerado fantástico".
Questionado se não teme repetir a trajetória do violonista brasileiro Laurindo de Almeida (1917-1995), que teve sua obra mais reconhecida no exterior, Cyro rebateu: "Antes eu tinha muito grilo a
respeito disso, pensando que o
Brasil não gostava de mim, mas
sinto que, embora minha raiz seja
brasileira, hoje sou um músico do
mundo e a realização de shows no
Brasil levando uma música como
a minha, que é alternativa, custa
muito caro para quem vive na delicada situação econômica por
que o país está passando".
Seu primeiro CD, "Vira Loucos", com composições próprias e
releituras de algumas peças de Villa-Lobos (1887-1959), foi bem recebido pela crítica especializada.
"Depois do "Vira Loucos", fiquei
com muita vontade de realizar
um trabalho em duo. Convidei o
Kevin, e ele topou no ato. Fizemos
uma "jam", abrindo um show de
uma banda no Knitting Factory,
aqui em Nova York, e, na platéia,
estava uma pessoa da Blue Note,
que estava lá para ouvir o trabalho
da outra banda, mas acabou encantada com o nosso", falou o
músico, que, na mesma noite, assinou contrato com o selo, que,
desde 1939, é um dos mais respeitados do mundo.
Para Baptista, música é como ficar à mercê de ondas do mar. "A
gente vai indo, vai indo e, de repente, começa a voltar, só que
nunca se volta para onde se estava", afirma.
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