São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA
"Supergenerous" é o novo CD do percussionista brasileiro radicado nos EUA
Cyro Baptista faz duo com canadense

CARLOS BOZZO JUNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Pouco conhecido no Brasil, assim como sua obra, é Cyro Baptista, 50, percussionista brasileiro radicado há 20 anos nos EUA, que lança, pelo selo Blue Note, o CD "Supergenerous", em duo com o guitarrista canadense Kevin Breit.
No entanto, em terras estrangeiras, o músico paulistano trilha uma carreira de grande sucesso, sendo constantemente requisitado por artistas de primeiro time. Entre eles estão Laurie Anderson, Cassandra Wilson, David Byrne, Dr. John, Paul Simon, Medeski, Martin and Wood, Carly Simon, John Zorn, Kathleen Battle e o pianista norte-americano Herbie Hancock, com quem excursionou durante um ano por vários países, apresentando seu último CD, "Gerswhin's World"."Quando fui chamado pelo Hancock, tive receio por não ser músico de jazz. Ele, então, me disse: "Na minha banda você nunca será dispensado por cometer erros, mas, sim, por não arriscar". Isso me deixou mais tranquilo, e acabei tendo uma das melhores experiências musicais de minha vida", disse o brasileiro. Baptista afirma que, de cinco concertos com o pianista, três eram ruins, um era bom e um fantástico e justifica: "Isso se dava, porque a idéia era a de sempre tentarmos superar o momento de um concerto que havíamos considerado fantástico".
Questionado se não teme repetir a trajetória do violonista brasileiro Laurindo de Almeida (1917-1995), que teve sua obra mais reconhecida no exterior, Cyro rebateu: "Antes eu tinha muito grilo a respeito disso, pensando que o Brasil não gostava de mim, mas sinto que, embora minha raiz seja brasileira, hoje sou um músico do mundo e a realização de shows no Brasil levando uma música como a minha, que é alternativa, custa muito caro para quem vive na delicada situação econômica por que o país está passando".
Seu primeiro CD, "Vira Loucos", com composições próprias e releituras de algumas peças de Villa-Lobos (1887-1959), foi bem recebido pela crítica especializada.
"Depois do "Vira Loucos", fiquei com muita vontade de realizar um trabalho em duo. Convidei o Kevin, e ele topou no ato. Fizemos uma "jam", abrindo um show de uma banda no Knitting Factory, aqui em Nova York, e, na platéia, estava uma pessoa da Blue Note, que estava lá para ouvir o trabalho da outra banda, mas acabou encantada com o nosso", falou o músico, que, na mesma noite, assinou contrato com o selo, que, desde 1939, é um dos mais respeitados do mundo.
Para Baptista, música é como ficar à mercê de ondas do mar. "A gente vai indo, vai indo e, de repente, começa a voltar, só que nunca se volta para onde se estava", afirma.


Texto Anterior: Mendes fará biografia do dramaturgo
Próximo Texto: Net Cetera - Sergio Dávila: Os Doors querem ganhar dinheirinho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.