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CINEMA/ESTRÉIA
"TUDO POR UM SEGREDO"
George Clooney produz refilmagem de comédia
Por que já não existem mais "socialistas" no cinema?
DE NOVA YORK
Cinco caras. Um cofre. Nenhum cérebro. Nunca um
slogan definiu tão bem o enredo
de um filme quanto o deste "Tudo
por um Segredo" (Welcome to
Collinwood), que estréia hoje, ótima refilmagem de "Os Eternos
Desconhecidos" (I Soliti Ignoti),
comédia de 1958 do cineasta italiano Mario Monicelli.
A versão 2002, que estréia no
Brasil, só saiu do papel por empenho de George Clooney, que levantou o dinheiro, produziu e faz
uma ponta.
Assim como seu amigo Steven
Soderbergh e outros poucos, o
ator é adepto do "socialismo cinematográfico": dá seu nome e uma
porcentagem dos milhões que ganha em Hollywood para bancar
filmes nanicos.
Agora, em vez da Itália, tudo se
passa no subúrbio de Cleveland
que tem o nome do título em inglês (Collinwood).
Ali, um lutador de boxe de origem croata (Sam Rockwell) se vê
colocado à frente de um bando de
perdedores que se preparam para
arrombar um cofre, ao mesmo
tempo em que se envolve com a
doméstica Carmela (a bela e farta
Jennifer Esposito).
O grupo é formado por um velhinho quase mendigo (Michael
Jeter), um fotógrafo irlandês falido (William H. Macy), dois malandros (Isaiah Washington e Andrew Davolie) e a trambiqueira
Rosalind (Patricia Clarkson), que
roubou o plano original de seu
namorado, Cosimo (Luis Guzman), ainda na prisão.
Todos serão treinados por um
arrombador paraplégico (o ator
George Clooney) procurado pela
polícia.
À exceção da ponta de Clooney,
o elenco não tem nenhuma estrela
e talvez por isso mesmo funcione
tão bem junto.
Principalmente Rockwell, mais
conhecido do grande público como o vilão da versão para cinema
de "As Panteras" (Charlie's Angels, 2000), que vem se especializando no papel de perdedor.
Jeter também brilha, ele que já
havia marcado presença como o
prisioneiro condenado à morte
que cria um ratinho em "À Espera
de um Milagre" (The Green Mile,
1999), adaptação de Stephen King
com Tom Hanks.
Jennifer Esposito, uma espécie
de versão acessível de Madonna,
que poderia ser prima da gente,
completa a trinca de ótimas interpretações.
Que se dê o mérito aos irmãos
diretores Anthony e Joe Russo,
moradores de Cleveland (daí a locação) e filhos de imigrantes italianos (daí a refilmagem).
A dupla de cineastas desconhecidos estréia no longa para cinema com este filme e teve recepção
calorosa em uma das mostras paralelas do Festival de Cannes deste
ano.
Ao final de 86 minutos de risadas, você sai do cinema com duas
perguntas na cabeça: 1. Por que
não há mais Clooneys, Soderberghs e "socialistas cinematográficos" no mundo?; 2. Que cazzo
quer dizer "bellini"?
(SÉRGIO DÁVILA)
Tudo por um Segredo
Welcome to Collinwood
Direção: Anthony e Joe Russo
Produção: EUA, 2002
Com: George Clooney, Sam Rockwell,
Michael Jeter
Quando: a partir de hoje nos cines
Eldorado, Interlagos, SP Market e circuito
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