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ANO 2000
Cidade aposta no reconhecimento "econômico" de turistas do continente para aliviar críticas internas
Londres quer ser a capital do milênio
FÁBIO ZANINI
de Londres
Londres pode não ter o charme
de Paris nem o simbolismo religioso de Roma, mas, mesmo assim, pretende ser a capital européia da virada do ano 2000.
Para isso, a cidade está engajada
em um vasto projeto cultural e arquitetônico que, espera-se, vai
atrair mais turistas que suas rivais
do continente.
Londres transformou-se em um
verdadeiro canteiro de obras. Megaprojetos por toda a cidade estão
em ritmo acelerado de finalização, para estarem à disposição
das mais de 2 milhões de pessoas
esperadas para o réveillon.
Centenas de shows, raves, festas
em discotecas, eventos em pubs e
celebrações às margens do rio Tâmisa (que corta a cidade) completam o calendário de comemorações.
A atração mais ambiciosa é o
Millenium Dome ("Cúpula do
Milênio"), projeto futurista que
custou o equivalente a R$ 2,3 bilhões, localizado na região do observatório de Greenwich, na margem sul do Tâmisa.
Outras novidades são a reabertura da Royal Opera House, no
bairro boêmio de Covent Garden,
após uma reforma completa, e a
construção da London Eye (Olho
de Londres), a maior roda-gigante do mundo.
"Grande cogumelo"
O Dome é um projeto cercado
de polêmica, não apenas pelo alto
custo da obra, mas também por
sua arquitetura fora do normal
(que rendeu o nada honroso apelido de "o grande cogumelo") e
por suas atrações, motivo de
comparação irônica com o Epcot
Center, na Flórida (EUA).
Em uma área equivalente a dois
campos de futebol, 17 atrações de
caráter científico e cultural, combinadas com realidade virtual e
tecnologia de última geração, pretendem dar ao visitante a sensação de viajar no tempo, "entrar"
no corpo humano de um adulto,
embarcar em uma jornada à Lua
e até mudar de sexo ou raça.
Menos controversa é a reabertura da Royal Opera House, uma
das principais casas de ópera de
Londres, que estava fechada desde o ano passado.
A um custo de R$ 600 milhões,
o espaço será reinaugurado em
grande estilo no dia 4 de dezembro, com show do tenor espanhol
Placido Domingo.
Com capacidade para 2.200 espectadores, a Royal, fundada em
1850, sempre foi uma casa frequentada pela elite londrina, devido aos preços salgados, que começavam em 40 libras (R$ 124).
"A partir de agora, os shows serão acessíveis a um número
maior de pessoas", disse à Folha
um porta-voz da casa.
Para isso, os preços dos ingressos serão reduzidos, com os mais
baratos custando 6 libras (cerca
de R$ 19).
Mas a novidade mais popular
de Londres para o novo milênio
deverá ser a London Eye, uma
enorme roda-gigante postada na
margem sul do Tâmisa, de frente
para o Parlamento (onde está o
conhecido Big Ben).
São 1.500 toneladas de aço e 135
metros de altura, que vão possibilitar visão em um raio de até 40
quilômetros, em um dia claro. A
construção da "super-roda-gigante", patrocinada por empresas privadas, está atrasada, mas
os responsáveis pelo projeto garantem que ainda há tempo de
inaugurá-la até 31 de dezembro.
A London Eye terá capacidade
para acomodar mais de 900 pessoas de uma só vez em suas 32
"cadeiras" -na verdade, enormes cápsulas transparentes com
capacidade para 30 pessoas cada
uma. Por 30 minutos de passeio,
o ingresso vai custar o equivalente a R$ 25.
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