São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2000

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CINEMA/ESTRÉIA

"O GRINCH"

Ator transformou longa usando sua "máquina de criatividade" "Sem Jim Carrey, não teria filme", diz diretor

"Sem Jim Carrey, não teria filme", diz diretor

ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Naquele dia, o diretor Ron Howard chegou aos estúdios da Universal às 3h30. Com ele estava apenas o maquiador Rick Baker -que já disputou o Oscar nove vezes e faturou cinco delas.
Depois de quatro horas de maquiagem, o diretor estava pronto: ele havia se transformado no Grinch. "Fiz questão de me transformar no Grinch pelo menos por um dia", disse Ron Howard, 47. "Precisava saber o que Jim (Carrey) estava sentindo e sofrendo dentro daquela maquiagem. Fui ator por 20 anos e sei que é necessário passar pelo que eles passam para poder dirigi-los melhor."
Carrey não acreditou quando viu Howard de pé esperando por ele. "Na hora, pensei que ele estivesse verde de raiva porque eu estava atrasado", brincou.
"A verdade é que eu cresci ouvindo as histórias do Grinch, e ter passado algumas horas dentro daquela fantasia foi fenomenal", afirmou Howard.
E fala um pouco sobre o original: "As histórias do dr. Seuss são interessantes porque agradam às crianças, que aprendem a ler, e aos pais, porque são recheadas de humor refinado e de sarcasmo. Mas elas são desconhecidas na maior parte do mundo, por isso tive de fazer um filme para quem não sabe quem é o Grinch".
Apesar de tanto apego ao personagem e à fábula, Howard garante que sem Carrey não teria havido filme. "Sem Jim, eu não teria começado a colocar tudo no papel."
E, exatamente porque ele era a peça-chave, houve uma série de discussões sobre que tipo de maquiagem ele deveria usar. Rick Baker defendia a máscara completa, que desfigurava o ator, mas dava vida ao personagem. O estúdio da Universal dizia que não iria gastar US$ 20 milhões para esconder o rosto de Jim Carrey. Queria apenas pintá-lo de verde.
"A palavra final veio do próprio Jim", disse Howard. "Ele optou pela maquiagem completa e disse que todos saberiam que era ele, porque a Universal iria contar."
"Não sou fã de imagens em computadores, mas elas foram essenciais", disse. Toda a atmosfera que se vê na tela foi criada em computadores. O resultado: 99% das cenas têm algum tipo de efeito especial. Existem cenas nas quais Jim Carrey, seu cachorro e a menina Cindy Lou Who são personagens computadorizados.
"Ainda bem que Jim é um artista fora de série. Se eu deixasse, ele faria infinitas tomadas da mesma cena. Ele é uma máquina de criatividade."
Na estréia nos EUA, o filme faturou US$ 55 milhões. "Se for um grande sucesso, vou jogar minha cartilha de diretor no lixo, porque a primeira lição para qualquer diretor é evitar usar cachorros, crianças e efeitos especiais." (MILLY LACOMBE)



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