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CINEMA/ESTRÉIA
"AQUI ENTRE NÓS
"
Precocidade francesa não tem nada para dizer
ESPECIAL PARA A FOLHA
O cinema francês morre sob
falsas lendas: eis o título de
um dos artigos escritos por François Truffaut, em sua campanha
contra o cinema francês do pós-guerra e a França oficial e hipócrita que este representava. Curioso
que, se hoje podemos aplicar essa
sentença ao cinema francês, a
exemplo de "Aqui entre Nós", a
culpa é, em parte, de Truffaut.
No final dos anos 50, Truffaut e
sua "gangue" (Godard, Chabrol,
Rivette, Rohmer...) tomaram de
assalto o cinema francês, dando
um banho de frescor no enfadonho e oficialesco cinema dos
adultos (o "cinema do papai").
Mas a geração da nouvelle vague deixou, por sua vez, novas
lendas. Uma delas é a do "filme
juvenil autobiográfico", que é realizado, hoje em dia, por jovens
que não têm muito a dizer nem
sabem como dizê-lo.
Jean-Jacques Zilbermann é, ao
que parece, mais um deles. Em
"Aqui entre Nós", ele comete um
equívoco típico de sua geração:
achar que o mero fato de seu personagem ser gay o torne peculiar
o suficiente para virar um longa.
Ele não é apenas gay, mas também judeu. A combinação, que,
para Zilbermann, deve ser a
maior das transgressões, resulta
no clichê do matrimônio de aparências (tal como em "O Banquete de Casamento").
O que fazia a força dos filmes da
nouvelle vague era que seus jovens diretores se espelhavam na
vida e no cinema. A geração de
Zilbermann não tem, em sua
maioria, formação cinefílica nem
experiência de vida suficientes
para justificar sua precocidade.
(TIAGO MATA MACHADO)
Aqui entre Nós
L'Homme Est une Femme Comme les
Autres
Direção: Jean-Jacques Zilbermann
Produção: França, 1998
Com: Antoine de Caunes, Elsa Zyberstein
Quando: a partir de hoje no Espaço
Unibanco
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