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TEATRO
Peça estréia hoje no teatro Leblon, no Rio de Janeiro
Paiva vê a crise dos casamentos em "Mais-Que-Imperfeito"
DA SUCURSAL DO RIO
A crise dos casamentos modernos é o tema da nova peça do escritor Marcelo Rubens Paiva, que
estréia hoje às 21h, no teatro Leblon, no Rio. Em "Mais-Que-Imperfeito", os protagonistas Kito e
Aline vivem num tormento conjugal marcado pela troca de papéis. Enquanto ele decora o apartamento e cozinha, é ela quem
trabalha fora e sustenta a casa.
A peça, segundo o diretor Rafael
Ponzi, é o retrato dos relacionamentos contemporâneos, pautados pela perplexidade do homem
com relação à independência da
mulher. "Nos últimos 30 anos a
mulher evoluiu muito rapidamente, e os homens ficaram espantados, não conseguiram
acompanhar", afirma Ponzi.
Para o diretor, "Mais-Que-Imperfeito" é uma "comédia pessimista", na qual não há saídas.
Kito (Antonio Gonzalez) é a encarnação do "homem feminino",
sensível, que quer ter filhos. Aline
(Clara Garcia) é o exemplo da
mulher independente, obcecada
pelo sucesso profissional.
Quando chega em casa, cansada, depois do trabalho, Aline só
pensa em se distrair assistindo à
televisão. Kito reclama que a mulher põe os pés no sofá, não fecha
a pasta de dente e implora por sua
atenção.
Kito não tem emprego fixo e faz
bicos como músico, em bares da
cidade. Aline, médica ambiciosa,
ganha mais do que ele e banca as
despesas do apartamento.
O casal de protagonistas tem como vizinho o solteirão Rui (Tato
Gabus Mendes), um professor de
inglês mulherengo que, no fundo,
busca a parceira ideal.
O cotidiano dos três sofre uma
reviravolta com a chegada de
Laura (Ingra Liberato), uma médica sedutora, que vai trabalhar
no mesmo hospital de Aline.
Ela vem da Itália e reencontra
Kito, com quem teve um namoro
durante a adolescência. O músico
tenta reatar o romance com a "ex"
para fugir do casamento infeliz.
Mas Rui, o vizinho "galinha",
também entra na disputa e dará
em cima de Laura.
Marcelo Rubens Paiva afirma
que a peça é autobiográfica. "Fui
casado duas vezes com mulheres
moderninhas. Como escritor, eu
ficava em casa, fazia compras no
supermercado, escolhia o tapete
para a casa e sabia o detergente
certo para usar. Temos que rir das
coisas que não dão certo. A coisa
mais rara hoje em dia é encontrar
um casal casado", diz o escritor.
O diretor Rafael Ponzi também
vê semelhanças entre sua vida
pessoal e as situações da peça.
"Sou um homem que me separei
há dez anos e fiz várias tentativas
com outras mulheres que nunca
deram certo. Acho que ficamos
mais velhos e cheios de mania",
diz o diretor, de 45 anos.
Essa é a segunda parceria de
Ponzi com Marcelo Rubens Paiva, colaborador da Folha, de
quem já dirigiu a peça "Da Boca
pra Fora - E Aí, Comeu?" (99).
"Mais-Que-Imperfeito", afirma
Marcelo Rubens Paiva, é a segunda peça de uma trilogia, que começou com "Da Boca pra Fora",
na qual homens falavam de mulheres, e terminará com "Closet
Show", que acaba de ser concluída. "Nessa peça, as mulheres é
que vão falar dos homens", adianta o escritor.
A estréia nacional de "Mais-Que-Perfeito" foi em janeiro, em
Salvador, onde a peça ficou em
cartaz por quatro semanas. No
Rio, ela ocupará a sala Marília Pêra do teatro Leblon por dois meses e meio. Depois irá para São
Paulo e, em seguida, entra em turnê por cidades do interior do Brasil.
(CRISTIAN KLEIN)
Peça: Mais-Que-Imperfeito
Quando: qui. a sáb., às 21h, e dom., às
20h. Até 13 de maio
Onde: teatro Leblon (r. Conde de
Bernadotte, 26, 0/xx/21/511-2791)
Quanto: R$ 20 e R$ 25 (sáb.)
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