JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Numa rua discreta de Santana, o novo Joy Sushi é uma surpresa. Sua fachada é imponente e moderna, contrastando com a vizinhança. Tem um deque de madeira com mesinhas ao ar livre, balcão de sushis sinuoso, uma escada com cascata que leva ao mezanino. E uma boa variedade de sushis, que ficam entre as invencionices americanizadas e sem graça e outros que aproveitam bem os bons ingredientes.
Para ser claro: de um lado, serve sushis que misturam de tudo (o tropical tem manga, abacate, morango, pepino e palmito; outro tem banana com arroz empanado e cobertura de chocolate; só perdendo para o de goiabada com cream-cheese empanado!); e de outro lado, oferece peixes corretamente cortados e iguarias importadas como os minipolvos, minienguias, barbatanas de tubarão, ovas de bacalhau e águas-vivas. Produtos que ladeiam peixes nacionais que vão além dos habituais salmão e atum -como robalo, polvo e agulhão, itens que nem passam perto dos rodízios de hoje em dia.
Considerando que muitas vezes as pessoas do bairro tinham de ir para longe para conseguir produtos desse tipo (e que são raros mesmo nos restaurantes dos bairros mais badalados da zona sul), o proprietário Luciano Hideo Sato fez uma escolha feliz: no lugar de abrir mais um entediante rodízio japonês, juntou-se a três amigos investidores -todos, como ele, moradores da região- e resolveu abrir um japonês mais sofisticado e mais moderno, o que ocorreu com a inauguração do Joy Sushi em novembro passado.
Sato, paulistano de 40 anos, há nove no ramo de restaurantes japoneses, tentou reunir outros profissionais experientes na área. Um dos sushimen, Alan de Lima Kumamoto, 27, já havia trabalhado no Kayomix e no Shundi & Tomodachi; e deste último, território de Shundi Kobayashi, certamente trouxe grande influência, que pode ser sentida nos ingredientes servidos e em alguns dos sushis modernizados. Compõe a dupla do balcão o sushiman Manoel Nelito dos Santos (o Cafu), 30, ex-MoriSushi. Já na cozinha fica José Leonardo da Silva, 28, responsável por pratos tradicionais.
O Joy, com tantos aspectos de modernidade, tem vícios que poderia superar. Há partes do cardápio em que ainda propõe pratos de "peixe branco" (como se todos fossem iguais); é quase nulo na oferta de vinhos, o que não se compensa pela variedade, também pequena, de saquês; e cede com facilidade à criação de sushis bizarros. Mas vale a visita pela oportunidade de degustar bons produtos, alguns difíceis de achar.

@ - josimar@basilico.com.br