São Paulo, sábado, 09 de abril de 2005

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Jornalista conta a história do funk brasileiro

DA SUCURSAL DO RIO

Por mais conhecido e respeitado que seja o rap social de MV Bill, as margens do Rio têm um fenômeno bem mais popular: o funk. Ou, talvez seja melhor dizer, os funks, já que existem algumas correntes no movimento.
Entre 2002 e 2004, o jornalista Silvio Essinger entrevistou DJs, MCs (mestres de cerimônias) e empresários do ramo, freqüentou os temidos bailes e escreveu "Batidão - Uma História do Funk", que chega hoje às livrarias.
"O livro do Hermano Vianna ["O Mundo Funk Carioca'] é de 1988, um ano antes de surgir o funk Brasil, que aparece com a "Melô da Mulher Feia", do DJ Marlboro. É quando passam a ser feitas letras em português sobre o [ritmo] Miami bass. Ainda não havia um livro que contasse essa história", explica Essinger, 35.
Ele começa o livro nos anos 70, época dos pioneiros Ademir Lemos, Big Boy e Messiê Limá, para mostrar como aqueles bailes funk eternizaram o nome "funk" como guarda-chuva para abrigar diversos sons tocados nas festas em quadras de subúrbios e favelas cariocas. Hoje, há quatro correntes: o funk erótico, das letras pornográficas, de Tati Quebra-Barraco e MC Serginho; o romântico, derivado do funk Melody, de Latino e Buchecha; o consciente, de Mr. Catra e Duda do Borel; e os proibidões, que não tocam nas rádios por exaltarem facções criminosas, mas que fazem muito sucesso nos bailes e nas jukeboxes das favelas.
"Os proibidões são uma lástima, porque deslocam o foco do aspecto artístico para questões extramusicais. Mas a realidade é que eles são cada vez mais populares", diz Essinger, lembrando que MCs que seguem essa linha só podem tocar em favelas dominadas pela facção criminosa que exaltam. Os "bailes de corredor", diz, estão em baixa. Foi nos anos 90 que as festas se tornaram terreno para "encontros de galeras", conflitos violentos entre gangues, freqüentemente encerrados com mortes. Ele relata os casos de MCs que perderam a fama e se tornaram traficantes. É o seu lado repórter que conta a história do funk, não o de crítico. "[O funk] é uma forma de se expressar criativamente dentro das possibilidades tecnológicas e do Rio de guerra em que vivemos." (LFV)


Batidão - Uma História do Funk
Autor:
Silvio Essinger
Editora: Record
Quanto: R$ 43 (280 págs.)


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