São Paulo, sábado, 09 de abril de 2005

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"Prêt-à-Porter 7" trilha por seus (re)encontros

DA REPORTAGEM LOCAL

Estruturalmente, pouca coisa mudou desde o primeiro conjunto de criações do "Prêt-à-Porter", em 1997. São três movimentos com no máximo 30 minutos cada um, concebidos, escritos e interpretados por duplas.
O "PP 7", como apelidam os integrantes do CPT, que estréia hoje no Centro de Pesquisa Teatral dirigido por Antunes Filho no Sesc Consolação, em São Paulo, sepultou de vez o debate ao final com o público, suspenso desde a criação anterior por causa do horário apertado na dobradinha com "O Canto de Gregório".
Dos primeiros exercícios aos agora espetáculos, como reivindica Antunes, já havia caído a gênese de cena, na qual os atores introduziam sobre o que interpretariam em seguida (até o "PP 3").
As mudanças, segundo o ator Emerson Danesi, 33, são mais evidentes na forma com que as relações humanas são abordadas. "Há um aprofundamento natural, porque vamos processando conforme as provocações de Antunes e dos demais colegas", diz.
Nas três performances do "PP 7", vistas em pré-estréia em março no CCSP, os personagens vivenciam (re)encontros que os projetam para "uma viagem de autoconhecimento por meio de questionamentos", diz Danesi.
Outro aspecto que perpassa as cenas é a assimilação do tempo, seja através do sonho que remete à infância, da forma como se manifesta na natureza ou por meio dos fluxos de consciência.
Em "Castelo de Areia", Arieta Corrêa e Juliana Galdino são duas amigas de infância que não se vêem há dez anos. Rebobinam acontecimentos, sedimentam desilusões. Danesi e Nara Chaib são um floricultor e uma estudante de artes plásticas em "Chuva Cai e Bambu Dorme", uma invocação ao haicai japonês. Protagonizam um encontro de despedida. Ela vai para a Europa. E se dão conta dos profundos sentimentos que os uniam. Em "A Garota da Internet", Corrêa e Marcelo Szpektor são os jovens que, após algumas semanas de relacionamento virtual, decidem se conhecer.
"Às vezes, quando terminamos de escrever, ainda não nos damos conta da história que criamos. Só temos noção com o feedback da equipe ou quando a peça vem a público. De repente, alguém pisca de outro jeito e tudo pode ser alterado", diz Galdino, 31. Como os demais atores, ela cria os textos a quatro mãos. "Só não podemos nos encantar. É preciso enxergar novas camadas, sempre."
Como coordenador-geral dos "PP" e proponente de um método de ator, Antunes pede ao grupo "a revisão de conceitos sobre a arte do ator, sobre a dramaturgia e a própria encenação". Recém-chegada do Japão, onde apresentou "Foi Carmen Miranda", parte do elenco do Grupo Macunaíma/ CPT se desdobra nos ensaios de "Antígona", que Antunes dirige, provavelmente, a partir de maio.


Prêt-à-Porter 7
Quando:
estréia hoje, às 18h30; sáb., às 18h30
Onde: Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/xx/11/ 3234-3000)
Quanto: R$ 5 a R$ 10


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