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"Prêt-à-Porter 7" trilha por seus (re)encontros
DA REPORTAGEM LOCAL
Estruturalmente, pouca coisa
mudou desde o primeiro conjunto de criações do "Prêt-à-Porter",
em 1997. São três movimentos
com no máximo 30 minutos cada
um, concebidos, escritos e interpretados por duplas.
O "PP 7", como apelidam os integrantes do CPT, que estréia hoje
no Centro de Pesquisa Teatral dirigido por Antunes Filho no Sesc
Consolação, em São Paulo, sepultou de vez o debate ao final com o
público, suspenso desde a criação
anterior por causa do horário
apertado na dobradinha com "O
Canto de Gregório".
Dos primeiros exercícios aos
agora espetáculos, como reivindica Antunes, já havia caído a gênese de cena, na qual os atores introduziam sobre o que interpretariam em seguida (até o "PP 3").
As mudanças, segundo o ator
Emerson Danesi, 33, são mais evidentes na forma com que as relações humanas são abordadas.
"Há um aprofundamento natural, porque vamos processando
conforme as provocações de Antunes e dos demais colegas", diz.
Nas três performances do "PP
7", vistas em pré-estréia em março no CCSP, os personagens vivenciam (re)encontros que os
projetam para "uma viagem de
autoconhecimento por meio de
questionamentos", diz Danesi.
Outro aspecto que perpassa as
cenas é a assimilação do tempo,
seja através do sonho que remete
à infância, da forma como se manifesta na natureza ou por meio
dos fluxos de consciência.
Em "Castelo de Areia", Arieta
Corrêa e Juliana Galdino são duas
amigas de infância que não se
vêem há dez anos. Rebobinam
acontecimentos, sedimentam desilusões. Danesi e Nara Chaib são
um floricultor e uma estudante de
artes plásticas em "Chuva Cai e
Bambu Dorme", uma invocação
ao haicai japonês. Protagonizam
um encontro de despedida. Ela
vai para a Europa. E se dão conta
dos profundos sentimentos que
os uniam. Em "A Garota da Internet", Corrêa e Marcelo Szpektor
são os jovens que, após algumas
semanas de relacionamento virtual, decidem se conhecer.
"Às vezes, quando terminamos
de escrever, ainda não nos damos
conta da história que criamos. Só
temos noção com o feedback da
equipe ou quando a peça vem a
público. De repente, alguém pisca
de outro jeito e tudo pode ser alterado", diz Galdino, 31. Como os
demais atores, ela cria os textos a
quatro mãos. "Só não podemos
nos encantar. É preciso enxergar
novas camadas, sempre."
Como coordenador-geral dos
"PP" e proponente de um método
de ator, Antunes pede ao grupo "a
revisão de conceitos sobre a arte
do ator, sobre a dramaturgia e a
própria encenação". Recém-chegada do Japão, onde apresentou
"Foi Carmen Miranda", parte do
elenco do Grupo Macunaíma/
CPT se desdobra nos ensaios de
"Antígona", que Antunes dirige,
provavelmente, a partir de maio.
Prêt-à-Porter 7
Quando: estréia hoje, às 18h30; sáb., às
18h30
Onde: Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova,
245, tel. 0/xx/11/ 3234-3000)
Quanto: R$ 5 a R$ 10
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