São Paulo, domingo, 09 de abril de 2006

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TV PAGA

Canais Fox e FX começam a exibir "My Name Is Earl" , a sitcom de humor mais vista na TV norte-americana

Estréia hoje no Brasil seriado cômico que faz sucesso nos EUA

LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

Um drama de consciência deu no mais engraçado e bem-sucedido novo seriado cômico da TV americana. Estréia hoje no Brasil, nos canais Fox e FX, às 21h, a sitcom "My Name Is Earl", estrelado pelo excêntrico ator "não-ator" Jason Lee, que sempre quis tudo na vida, menos fazer seriado e, principalmente, TV.
"Earl" é a história de um escroque jeca dos rincões americanos que se julga um cara abandonado pela sorte, até que ganha uma bolada na loteria. No segundo depois de conferir o bilhete e se ver rico de uma hora para outra, sai correndo para comemorar e é atropelado. O bilhete premiado voa de suas mãos, e ele vai parar, estropiado, num hospital.
De volta ao normal, resta a Earl, ex-endinheirado por um minuto, ver televisão. Até que, ao assistir a uma discussão sobre carma num programa desses de entrevistas, percebe que todo o seu azar é "recompensa" por tudo de ruim que ele aprontou para os outros.
"O roteiro ficou na mesa da minha casa por vários dias e eu pensando: "Seriado? Televisão? Não é isso que eu quero para mim, mesmo com um dinheiro que eu nunca tinha visto sendo oferecido. Tenho um certo preconceito com TV. Nunca dou risada em coisas tidas como "comédia". Acho até um negócio meio débil. Mas quando resolvi ler a história, falei: "Estou nessa'", disse o ator Jason Lee em entrevista a um grupo de jornalistas numa mesa da qual a Folha participou.
Lee, 35, é ex-skatista profissional que caiu do skate direto no cinema independente, cooptado pelos heróis indies Kevin Smith (diretor de "Dogma") e Spike Jonze, que o dirigiu em clipe da banda Sonic Youth. Em "Quase Famosos", de Cameron Crowe, Lee fez o líder do grupo-problema Stillwater, a banda-guia do filme.
Mesmo depois com um papel aqui, outro ali em blockbusters, a carreira cinematográfica de Jason Lee não exatamente decolou. Mas isso não o preocupava. "Encontrava minha alegria no skate."
Aí veio "My Name Is Earl" e a estréia, nos EUA, em setembro do ano passado. O primeiro episódio, de cara, foi assistido por 15,2 milhões de pessoas. No terceiro, virou o programa mais visto das estréias do canal NBC na temporada, o que garantiu mais 22 episódios pagos. No fim do primeiro mês, virou a sitcom mais assistida da TV americana. A segunda temporada está garantida.


Lista de pecados
A sacada do seriado está na eterna cara de "mané-redneck-malandrão" de Lee. Depois que seu personagem sai do hospital, crente que tudo de ruim que acontece a ele é por causa de seu longo currículo de malfeitorias, ele escreve num papel uma lista de coisas erradas que fez a seu pai, na escola, com as namoradas, com os amigos. E parte para confessá-las e corrigi-las.
Tipo dizer para o vizinho fortão e algo desequilibrado que os anos que passou na cadeia foram por causa de um crime que ele, Earl, havia cometido. E tentar ajudar o sujeito de alguma forma. "Não tenho uma lista pessoal de pecados", disse Jason Lee. "Mas mentalmente tenho uma lista de coisas que ele precisa fazer por seu filho de 2 anos. O que eu preciso fazer por ele e o que quero mostrar ao menino", afirmou. Voltando à aversão a trabalhar na TV, Lee fala: "Sempre achei, e agora vejo que é verdade, que em televisão se trabalha muito. Fora que ficar fazendo o mesmo papel durante muito tempo não me atrai. Para aliviar a rotina, estou desenvolvendo e dirigindo um curta".
"My Name Is Earl" tem hoje exibição simultânea nos canais Fox e FX. A partir do segundo episódio, será mostrado apenas no FX, o canal masculino da Fox.


O jornalista Lúcio Ribeiro viajou a convite da Fox


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