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ELETRÔNICA CRISTÃ
DJs do Electrocristo pregam evangelização na pista de dança; sexo e drogas estão fora do cardápio
Cristoteca louva a Deus em plena balada
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A missa termina, e é a senha para a festa começar e se estender
até as 6h. Mas, nas quatro horas
seguintes (sim, a missa terminou
às 2h), nada de drogas, bebida ou
cigarros. O lugar é a Cristoteca, e
os DJs que assumem o controle
são os do Electrocristo, que há
quatro anos realizam o que definem como "evangelização noturna através da música eletrônica".
Da capa dos CDs lançados pelo
grupo -"A Festa by Electrocristo", de 2005, e o recém-concluído
"A Festa Continua"- às camisetas usadas pelos seis integrantes
do projeto, à venda na internet,
tudo transparece modernidade. O
tom, entretanto, é de pregação, no
discurso do grupo e nos vocais
das músicas. No primeiro CD, o
tom é mais explícito, numa espécie de "dance music" católica; no
segundo, é mais insinuado, entre
batidas eletrônicas, com toques
de estilos como electro e trance.
"Se sentimos que a pista perde a
comunhão com Deus, paramos e
rezamos um pouco. Ou lemos um
trecho da Bíblia", diz Leonardo
Ferreira Souto Guimarães, 28, DJ
há oito anos e integrante do grupo. "Tocamos em Foz do Iguaçu,
por exemplo, e um cara fez uma
bexiga com camisinha e começou
a brincar com ela. Isso não pode."
Entre os ensinamentos aos que
querem ser DJs católicos (o Electrocristo dá aulas) um dos principais é exatamente prestar atenção
no comportamento da pista. "Observe se a pista está louvando ao
Senhor. O DJ pode levar a pista
para o céu e também para o inferno, reflita sobre isso", lê-se no
www.electrocristo.com.
Pioneiro
O Electrocristo é um dos primeiros grupos a seguir no Brasil
os passos de DJs americanos e europeus que misturam música eletrônica e religião. Léo, por exemplo, tocava em casas noturnas
paulistas convencionais. Católico,
como os outros integrantes, resolveu misturar fé e música. "Passamos a ter necessidade de um ambiente bacana, onde seja possível
dançar, mas sem drogas."
Um dos integrantes do Electrocristo, o DJ Leoni, é um dos fundadores do movimento de música
eletrônica católica no país.
O primeiro CD do grupo vendeu 5.000 cópias. O segundo, lançado pela gravadora Paulinas-Comep, terá uma tiragem inicial de
6.000. Estará disponível nas lojas a
partir de 1º de maio.
Além da Cristoteca, "residência
do Electrocristo", como diz Léo, o
grupo toca em casas noturnas
mais conhecidas, como Moinho
Santo Antônio e Credicard Hall.
Também viaja pelo país. Eles pensam agora na possibilidade de
realizar a primeira "rave cristã",
na represa de Guarapiranga (SP).
Cristodrink's
A Cristoteca é um galpão localizado no Brás, centro de SP, cedido
pela comunidade Aliança de Misericórdia, onde o Electrocristo
toca todas às sextas-feiras para até
1.500 freqüentadores.
Os DJs estão o tempo todo atentos para evitar excessos, mas a
preparação para que não se perca
o controle sobre a festa começa
antes, quando geralmente entra
em cena um padre convidado. No
caso da sexta retrasada, o padre
Alexandre Júnior, 25. "A Cristoteca é uma iniciativa que permite ao
jovem experimentar Deus dentro
de sua realidade de vida", elogia.
Padre há três meses, ele entra
cantando e dançando junto com a
banda que inicia a noite na Cristoteca, por volta das 23h30. Ao longo da missa, entretanto, o tom
muda. "Se você quer passar a noite aqui só para descobrir alguma
menina santinha para se aproveitar, saiba que na sua cabeça só
tem cupim", adverte, aplaudido.
Durante toda a noite, uma capela fica aberta em um espaço anexo
para que os freqüentadores possam fazer orações. E há uma espécie de bar improvisado, nomeado
"Cristodrink"s", onde as bebidas
disponíveis para venda são vitaminas, sucos e refrigerantes.
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