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Para inglês, Parati não é "Brasil real"
DO ENVIADO A PARATI
"Não posso imaginar que este
seja o Brasil real." Foi assim que o
romancista inglês Jonathan Coe
fez sua síntese de suas primeiras
impressões de Parati, durante debate na tarde de ontem com o escritor norte-americano Jeffrey
Eugenides. Coe, 43, diz que o esplendor de Parati e da Flip não
combina com o que se pode pensar de um país como o Brasil.
Mas o que pode parecer uma espetada do escritor em uma nação
pobre que monta um faustoso circo de letras dá cavalo-de-pau rumo ao elogio: "A Flip tem a mesma qualidade dos festivais literários do exterior, mas com um público muito mais caloroso".
As frases de Coe saem na mesma direção de seus olhos, para
baixo. Tímido, quase que se escondendo da platéia de 500 pessoas, ele não deixa de lado a ponta
de humor seco e satírico que injeta nos seus romances. Já começou
arrancando risos. Disse que seu
romance que está sendo lançado
no Brasil, "Bem-Vindo ao Clube",
é continuação de "O Legado da
Família Winshaw". "O primeiro
já foi feito como o começo de uma
série de seis volumes. "Bem-Vindo", o que lancei em seguida, é o
sexto da série. O que aconteceu
com os de número dois a cinco?
Decidi não escrevê-los."
Mais risadas, porém, arrecadou
Eugenides. Quando o apresentador do evento, o jornalista Sérgio
Rodrigues, começou a perguntar
sobre as relações do romance do
americano (que fala de um hermafrodita) com a biografia pessoal dele, Eugenides perguntou:
"Você não quer que eu tire a roupa aqui, não?". Não, felizmente. E
a conversa continuou. Eugenides
também teve sorrisos fartos
quando falou sobre o filme que fizeram a partir de seu primeiro romance, "Virgens Suicidas".
"Quando assisti pela primeira
vez, não me reconheci nele. Na segunda vez, achei quase bom. Três
meses atrás eu havia bebido um
pouco a mais em Berlim e liguei a
TV às 3h da madrugada. Estava
passando "Virgens Suicidas" em
alemão. Aí sim eu gostei." Aplausos e aplausos. Muitas palmas circularam também no evento da
manhã de ontem, que reuniu os
escritores Marcelino Freire, Joca
Reiners Terron e Daniel Galera,
sob o título "Urbana Prosa: Caras
Novas".
(CEM)
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