São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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Para inglês, Parati não é "Brasil real"

DO ENVIADO A PARATI

"Não posso imaginar que este seja o Brasil real." Foi assim que o romancista inglês Jonathan Coe fez sua síntese de suas primeiras impressões de Parati, durante debate na tarde de ontem com o escritor norte-americano Jeffrey Eugenides. Coe, 43, diz que o esplendor de Parati e da Flip não combina com o que se pode pensar de um país como o Brasil.
Mas o que pode parecer uma espetada do escritor em uma nação pobre que monta um faustoso circo de letras dá cavalo-de-pau rumo ao elogio: "A Flip tem a mesma qualidade dos festivais literários do exterior, mas com um público muito mais caloroso".
As frases de Coe saem na mesma direção de seus olhos, para baixo. Tímido, quase que se escondendo da platéia de 500 pessoas, ele não deixa de lado a ponta de humor seco e satírico que injeta nos seus romances. Já começou arrancando risos. Disse que seu romance que está sendo lançado no Brasil, "Bem-Vindo ao Clube", é continuação de "O Legado da Família Winshaw". "O primeiro já foi feito como o começo de uma série de seis volumes. "Bem-Vindo", o que lancei em seguida, é o sexto da série. O que aconteceu com os de número dois a cinco? Decidi não escrevê-los."
Mais risadas, porém, arrecadou Eugenides. Quando o apresentador do evento, o jornalista Sérgio Rodrigues, começou a perguntar sobre as relações do romance do americano (que fala de um hermafrodita) com a biografia pessoal dele, Eugenides perguntou: "Você não quer que eu tire a roupa aqui, não?". Não, felizmente. E a conversa continuou. Eugenides também teve sorrisos fartos quando falou sobre o filme que fizeram a partir de seu primeiro romance, "Virgens Suicidas".
"Quando assisti pela primeira vez, não me reconheci nele. Na segunda vez, achei quase bom. Três meses atrás eu havia bebido um pouco a mais em Berlim e liguei a TV às 3h da madrugada. Estava passando "Virgens Suicidas" em alemão. Aí sim eu gostei." Aplausos e aplausos. Muitas palmas circularam também no evento da manhã de ontem, que reuniu os escritores Marcelino Freire, Joca Reiners Terron e Daniel Galera, sob o título "Urbana Prosa: Caras Novas". (CEM)



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