São Paulo, sábado, 9 de agosto de 1997.



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O DISCURSO

"Um grande amigo meu, músico e compositor, teve um filho querido de quem precisou se afastar por muito tempo. Eram anos difíceis, os da infância do menino. Anos de ditadura. E, por razões que até hoje desconhece, ordenaram a esse meu amigo que se afastasse da criança pois, de outra forma, ela seria sequestrada sem volta. Temeroso, ele obedeceu, mas saudoso, exilou o menino clandestinamente.
Até que um dia recebeu um segundo telefonema ameaçador, onde relatava todos os seus passos. (...) Ouviu: 'Se você acha que nós estamos brincando, tenta ver o menino mais uma vez'.
(...) Ele carregou sozinho esse segredo. O silêncio substituiu a festa, as cobranças sangrando a ferida...
Bom, acabou a ditadura e meu amigo havia se tornado uma personalidade querida, porém vítima de outros ataques, preconceitos que acabaram atingindo os dois, a ele e ao menino, e aumentando a distância. 'Seu nome?' Pablo.



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