São Paulo, quarta, 9 de setembro de 1998

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Solanas requenta metáforas

do enviado especial a Veneza

Depois de cinco anos afastado do cinema, o argentino Fernando Solanas volta com "A Nuvem", exibido ontem na mostra competitiva.
O filme é um misto de outras duas obras de Solanas: "Tangos, o Exílio de Gardel" (1985) e "El Viaje" (1993). Do primeiro, tem a estrutura episódica em torno de um grupo de artistas, agora exilados no próprio país. Do segundo, a ira cívica e a fragilidade dramática.
Tudo gira em torno da batalha pela sobrevivência de um teatro de vanguarda, liderado por Max. O governo tergiversa, os preparativos para a demolição correm, os dramas pessoais se agudizam. Um deles envolve a brasileira Angela Correa, negra que luta para provar seu talento contra o preconceito.
Duas metáforas rasteiras sintetizam o protesto: os personagens andam de trás para frente (o país "anda para trás"), e uma nuvem cobre Buenos Aires (tempos sombrios). Mas "A Nuvem", ultrapassado cinema alegórico, revela o talento do filho do cineasta, Juan Diego, que assina a fotografia. (AL)


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