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LIVRO
Biografia traz viés militante e fascinado
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
Foi publicada neste ano, na
França, a biografia "Manu
Chao", escrita pelo jornalista
italiano Alessandro Robecchi.
Entre os franceses, Manu Chao
é uma verdadeira febre. Seus
discos vendem às pencas. A
biografia acompanha Manu
Chao até julho de 2001, aos 40
anos. Nas últimas páginas, conta a sua participação nas manifestações antiglobalização de
Gênova (Itália).
Pode parecer muito, mas 40
anos é pouquíssimo para uma
existência virar narrativa excepcional, se o biografado não
é um Rimbaud ou um Byron.
Nossa época carece de vidas romanescas.
O que pode haver de excepcional, além do sucesso, na vida
de um rapaz de origem espanhola, criado na França, que se
envolve com música e o movimento punk, apresenta-se no
metrôs de Paris, assina contrato com uma grande gravadora
(Virgin), bate o pé para manter
sua independência criativa no
show business, tem paixão pela
América Latina, identificando-se com os miseráveis do Terceiro Mundo, que defende em
suas canções e, por fim, torna-se um mito musical do movimento antiglobalização?
Os fãs de Manu Chao certamente lerão todas as 250 páginas do livro com grande curiosidade. Mas, para quem não
tem fascinação especial pelo
compositor, a biografia só faria
sentido se ela tivesse um ambicioso tratamento jornalístico,
revelando na trajetória particular de Manu Chao um retrato
de sua geração e de sua época.
Não é o caso. A escrita de Robecchi é convencional, apressada e laudatória. Sua observação
é fascinada, e seu comentário,
militante. Poucas passagens
deixam a impressão de que o
autor foi suficientemente objetivo para poder ver o que enriquece a existência, até a mais
banal -suas contradições.
MANU CHAO. De: Alessandro
Robecchi. Editora: Plon. Quanto: cerca
de R$ 55 (254 págs.). Onde encontrar:
www.amazon.fr.
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