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O MUNDO DE BACO
Goles de Salta sobressaem pela relação custo-benefício
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Encostada na cordilheira
dos Andes -como praticamente todas as áreas vinícolas da
Argentina-, a província de Salta
está encravada no canto noroeste
do país vizinho. A sua contribuição na produção anual platina é
modesta, cerca de 2% do total do
1,3 bilhão de litros que colocam a
Argentina como quinto produtor
mundial. Mendoza, nesse quesito,
continua sendo a campeã.
Mas o clima seco e ensolarado
de Salta e seus solos apropriados
para o cultivo de videiras têm
atraído nos últimos anos investimentos para a região. O grupo
francês Pernod-Ricard comprou
as Bodegas Etchart (cujos rótulos
são velhos conhecidos por aqui), e
o igualmente gaulês Michel Rolland, enólogo consultor de dezenas de adegas ao redor do mundo,
fundou a sua própria vinícola, San
Pedro de Yacochuya, em parceria
com sócios locais.
Apenas um punhado de vinícolas, porém, são encontradas ainda
por lá. Uma delas, a Michel Torino, acabou de desembarcar no
Brasil. Na sua estréia, os tintos e
brancos da casa mostram a característica dos vinhos sul-americanos que tem deixado os vinhateiros europeus de cabelo em pé (e
as suas vendas para baixo): uma
boa relação custo-benefício.
No departamento dos brancos
da estreante, há um bom exemplar de uva Torrontes (uma cepa
que modela vinhos muito aromáticos em Salta), com perfume intenso frutado-floral marcado por
lavanda, corpo médio e bom
equilíbrio (84/100, R$ 10,80).
Já a ala dos tintos, conta com série de varietais interessantes, safra
2001, com o rótulo "Coleccion"
(todos a R$ 18). Entre eles, há um
malbec que mostra boa fruta e taninos redondos (84/ 100), um
syrah de aroma agradável que
lembra frutas vermelhas e especiaria (84/100) e um tannat (cepa
rara na Argentina) encorpado,
com boa estrutura e paladar, que
combina cerejas e compotas, com
uma pincelada de caramelo (86/
100). Todos os vinhos à venda na
Bruck (r. Paula Souza, 204/218,
Luz, SP, tel. 0/xx/11/3329-3400).
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