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CINEMA
Para escapar da concorrência das grandes redes de exibição, as salas da cidade apresentam obras fora do "circuitão'
Ribeirão vê alternativos como alternativa
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha Ribeirão
Assistir filmes cults como
"Woody Allen Concert - Wild Man
Blues", de Barbara Kopple, "O
Quarto Poder", de Costa-Gravas, e
"Antes da Revolução", de Bernardo Bertolucci, pagando apenas R$
6,00 (R$ 3 se você for estudante)
em uma antiga sala de cinema do
centro da cidade.
O que parece cada vez mais difícil
na era das salas multiplex ainda é
possível em Ribeirão Preto (a 319
km de SP), pois, para escapar da
concorrência das grandes redes, os
cinemas Belas Artes 1 e 2 estão
apostando nos filmes que tradicionalmente ficam fora do chamado
"circuitão" comercial.
Só neste ano foram exibidos nas
duas salas pelo menos 40 filmes
considerados cults ou raridades,
como a versão original de "O Morro dos Ventos Uivantes", de 1939.
"Muitas vezes a decisão de exibir
os filmes acaba sendo imposta pelas circunstâncias", diz o empresário João Mello Rodrigues, 38, dono
dos dois cinemas, distantes cerca
de 500 metros um do outro.
"Não consigo trazer os lançamentos do circuitão e acabo pegando os filmes de arte, que pelo
menos agradam a um público determinado", diz ele.
Com isso, preciosidades cinematográficas que quase nunca visitam
cidades do interior acabam se intercalando entre reprises do circuito comercial, como "Quem Vai
Ficar Com Mary?" e "Titanic".
"Antes da Revolução", por
exemplo, que esteve em cartaz no
final do mês passado, é o primeiro
filme dirigido por Bertolucci. Ainda neste final de semana, uma sala
vai exibir "Razão do Meu Afeto".
²
Concorrência
Até o final de 99, Ribeirão Preto
ganhará 53 salas de cinema do sistema multiplex, em dois novos
shoppings. Com isso, para continuar funcionando, Rodrigues afirma que vai buscar apoio da iniciativa privada. "O filme cult tem de
contar com apoio, porque o público é seleto, mas pequeno", diz ele,
que, além de administrar os negócios, opera os projetores.
Os grandes sucessos de público
do Belas Artes foram a reprise de
"O Carteiro e o Poeta", que levou
374 pessoas ao cinema em uma semana, e "Razão e Sensibilidade",
com 588 pessoas. Juntos, os dois
renderam cerca de R$ 4 mil.
Segundo Rodrigues, os nacionais
"Canudos" e "Central do Brasil"
também garantiram bom público.
Para a arquiteta Maristela Roquette Loures, 26, fã do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, as salas
do Belas Artes funcionam como
opção para quem quer fugir do padrão americano de produções.
No entanto, ela diz que as salas
multiplex são muito mais confortáveis, e isto está fazendo diferença. Se não conseguir "apoio", Rodrigues diz que vai desativar uma
de suas salas.
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