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DANÇA
Grupo leva "Pátio dos Milagres", coreografia baseada nas tradições religiosas populares, ao palco do Municipal de SP
Stagium comemora 30 anos de história
ANA FRANCISCA PONZIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Com o espetáculo "Pátio dos
Milagres (Ex-Votos)", que estréia
hoje no Teatro Municipal de São
Paulo, o Stagium talvez esteja somando 80 obras ao seu repertório. O número é aproximado, pois
Márika Gidali, diretora do grupo
com Décio Otero, autor da coreografia, se dá conta que nunca se
preocupou com a quantidade
exata de criações realizadas nos 30
anos de atividades do grupo.
Para Gidali, o que importa agora é comemorar a trajetória ininterrupta do Stagium durante três
décadas. Todo esse tempo, além
de representar uma conquista
singular na dança brasileira, faz
do Stagium uma companhia histórica.
Em 1971, quando foi fundado
em São Paulo, o Stagium colocou
em prática uma proposta avançada. Rejeitando o elitismo que envolvia os espetáculos de dança, assumiu uma postura de aproximação com o público, que começava
durante a entrada dos espectadores nos teatros. De cortinas abertas, os bailarinos expunham-se no
palco como pessoas comuns, permitindo que a platéia os observasse durante o aquecimento físico.
Essa informalidade, que hoje é
corriqueira, na época significou
uma novidade. Para completar, o
Stagium conseguia escapar da
censura que flagelava o meio teatral durante o regime militar, pelo
fato de não lidar com a palavra,
mas com a linguagem corporal.
Principalmente nos anos 70, cada estréia do Stagium era um
acontecimento cercado de comoção. Voltado para a realidade, o
grupo inaugurou nova fase ao levar para os palcos temas relevantes da sociedade brasileira, como
a questão do índio em "Kuarup"
ou o mundo marginal do dramaturgo Plínio Marcos, cuja peça
"Navalha na Carne" inspirou o
balé "Quebradas do Mundaréu".
"O segredo da sobrevivência é
resistir às marés baixas", ensina
Gidali hoje, lembrando que, em
seu álbum de memórias, o Stagium possui muitos momentos
marcantes, como as apresentações em acampamento indígena.
Falta de coerência é o que não se
pode cobrar do Stagium, que difundiu a dança num vasto território. "Pátio dos Milagres", o novo
espetáculo, também tem a cultura
brasileira como tema. "Nossa fonte inicial de inspiração foram as
tradições religiosas do Brasil.
Mas, como o atentado terrorista
de 11 de setembro nos pegou em
meio ao processo de criação, acabamos falando da fé no sentido
universal, sem sectarismos."
PÁTIO DOS MILAGRES (EX-VOTOS) -
coreografia de Décio Otero e direção
teatral de Márika Gidali, com o Ballet
Stagium. Quando: de hoje a sáb., às 21h,
e dom., às 18h. Onde: Teatro Municipal
(pça. Ramos de Azevedo, s/nš; tel. 223-3022). Quanto: de R$ 2 a R$ 15.
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