São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2001

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CINEMA/ESTRÉIAS

"O CAPITÃO CORELLI"

Adaptação de best-seller sobre comandante do Exército italiano na Segunda Guerra "foi irresistível"

"Quis resgatar minha história", diz Cage

MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

Nicolas Cage é um afortunado. Ele é dos poucos atores em Hollywood que podem se dar ao luxo de participar de bobagens como "Con Air" e "60 Segundos" e sair com a reputação intocada.
Por muito menos, muita gente já perdeu o direito de atuar. Não ele. Sobrinho de Francis Ford Coppola -com quem, aliás, não se dá muito bem-, tem conseguido cuidar de sua imagem alternando produções de nível com outras, digamos, menos intelectuais. Até porque interpretar o sujeito de alma atormentada parece ser sua especialidade. Foi assim em "Despedida em Las Vegas", que lhe rendeu o Oscar em 96.
Na pele de um capitão do Exército italiano de 1941, na adaptação do best-seller "O Bandolim do Capitão Corelli", Cage chega às telas brasileiras hoje. Leia abaixo trechos da entrevista concedida à Folha, em Los Angeles.

Folha - Interpretar um soldado italiano durante a Segunda Guerra Mundial era um sonho antigo?
Nicolas Cage -
O personagem tem algumas características que eram, para mim, irresistíveis. O fato de ser italiano, de tocar um instrumento e de ser um homem mais preocupado com música e romance do que com a mecânica da guerra, por exemplo. Tenho raízes na Itália, sou sobrinho e neto de maestros e achei essa a oportunidade ideal para resgatar um pouco de minha história.

Folha - Você fala italiano ou toca algum instrumento?
Cage -
Não falo nada de italiano e não sei tocar nenhum instrumento. Para fazer o filme, aprendi três ou quatro músicas no bandolim. Passava horas trancado no hotel tentando acertar as notas.

Folha - Fãs do livro reclamam que muita liberdade foi tomada nessa adaptação. Qual sua opinião?
Cage -
Um livro pode ter histórias dentro da história, mas o filme tem que ser fiel a uma trama só. As alterações eram necessárias, principalmente porque precisávamos de um final mais verdadeiro cinematograficamente.

Folha - Como escolhe seus filmes?
Cage -
Tento não ser pretensioso e só aceitar participar de filmes que sejam importantes. Entendo que filmes como "Despedida em Las Vegas" e "Vivendo no Limite" sejam produções de qualidade, mas acho que "Super-Homem" e "60 Segundos" também têm seu valor. Tudo depende da sua definição do que é importante.

Folha - Como está sua relação hoje com Francis Ford Coppola?
Cage -
Melhor. Houve uma época em que não falávamos a mesma língua e decidimos nos afastar. Problemas de família, sabe? Mas amadureci e acho que conseguiremos trabalhar nossa relação.

Folha - Como tem sido ser dirigido por Spike Jonze ("Quero Ser John Malkovich") em seu novo projeto, "Adaptation"?
Cage -
É uma experiência única. Interpreto gêmeos obesos que, devido a problemas sexuais, só se masturbam. No primeiro dia, Spike me dirigiu em uma cena de masturbação. Cinco vezes! Foi embaraçoso, mas fiquei craque.



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