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CINEMA/ESTRÉIAS
"O CAPITÃO CORELLI"
Adaptação de best-seller sobre comandante do Exército italiano na Segunda Guerra "foi irresistível"
"Quis resgatar minha história", diz Cage
MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Nicolas Cage é um afortunado.
Ele é dos poucos atores em Hollywood que podem se dar ao luxo
de participar de bobagens como
"Con Air" e "60 Segundos" e sair
com a reputação intocada.
Por muito menos, muita gente
já perdeu o direito de atuar. Não
ele. Sobrinho de Francis Ford
Coppola -com quem, aliás, não
se dá muito bem-, tem conseguido cuidar de sua imagem alternando produções de nível com
outras, digamos, menos intelectuais. Até porque interpretar o sujeito de alma atormentada parece
ser sua especialidade. Foi assim
em "Despedida em Las Vegas",
que lhe rendeu o Oscar em 96.
Na pele de um capitão do Exército italiano de 1941, na adaptação
do best-seller "O Bandolim do
Capitão Corelli", Cage chega às telas brasileiras hoje. Leia abaixo
trechos da entrevista concedida à
Folha, em Los Angeles.
Folha - Interpretar um soldado
italiano durante a Segunda Guerra
Mundial era um sonho antigo?
Nicolas Cage - O personagem
tem algumas características que
eram, para mim, irresistíveis. O
fato de ser italiano, de tocar um
instrumento e de ser um homem
mais preocupado com música e
romance do que com a mecânica
da guerra, por exemplo. Tenho
raízes na Itália, sou sobrinho e neto de maestros e achei essa a oportunidade ideal para resgatar um
pouco de minha história.
Folha - Você fala italiano ou toca
algum instrumento?
Cage - Não falo nada de italiano
e não sei tocar nenhum instrumento. Para fazer o filme, aprendi
três ou quatro músicas no bandolim. Passava horas trancado no
hotel tentando acertar as notas.
Folha - Fãs do livro reclamam que
muita liberdade foi tomada nessa
adaptação. Qual sua opinião?
Cage - Um livro pode ter histórias dentro da história, mas o filme tem que ser fiel a uma trama
só. As alterações eram necessárias, principalmente porque precisávamos de um final mais verdadeiro cinematograficamente.
Folha - Como escolhe seus filmes?
Cage - Tento não ser pretensioso
e só aceitar participar de filmes
que sejam importantes. Entendo
que filmes como "Despedida em
Las Vegas" e "Vivendo no Limite"
sejam produções de qualidade,
mas acho que "Super-Homem" e
"60 Segundos" também têm seu
valor. Tudo depende da sua definição do que é importante.
Folha - Como está sua relação hoje com Francis Ford Coppola?
Cage - Melhor. Houve uma época em que não falávamos a mesma língua e decidimos nos afastar. Problemas de família, sabe?
Mas amadureci e acho que conseguiremos trabalhar nossa relação.
Folha - Como tem sido ser dirigido por Spike Jonze ("Quero Ser
John Malkovich") em seu novo projeto, "Adaptation"?
Cage - É uma experiência única.
Interpreto gêmeos obesos que,
devido a problemas sexuais, só se
masturbam. No primeiro dia, Spike me dirigiu em uma cena de
masturbação. Cinco vezes! Foi
embaraçoso, mas fiquei craque.
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