FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em "A Última Gravação de Krapp" (2000, monólogo com Antônio Petrin), sua primeira direção profissional de Beckett, o diretor Francisco Medeiros, 52, tomou conhecimento dos diários com anotações do dramaturgo irlandês sobre montagens das peças que ele mesmo dirigia.
A partir de conversas com os pesquisadores Luiz Fernando Ramos e Fábio de Souza Andrade, Medeiros chegou a ensaiar os apontamentos do Beckett diretor. "Só depois desconstruí para chegar a conceitos da minha leitura", afirma o também encenador de "SubUrbia", do americano Eric Bogosian, que volta ao cartaz em São Paulo em 2002.
Em "Fim do Jogo", ele retomou, entre outros livros, o segundo volume da edição americana de "The Theatrical Notebooks of Samuel Beckett" (Grove Press), sob coordenação geral do britânico James Knowlson.
Desta vez, porém, Medeiros não incorporou integralmente as anotações de Beckett sobre a peça. Antes, "filtrou" algumas informações que julgou valiosas para o trabalho do elenco.
"Beckett era de um rigor absoluto como diretor, mas também de uma delicadeza igualmente absoluta ao lidar com o elenco", diz Medeiros.
"Ele costumava dizer para os atores que se fizessem algo próximo do realismo, e simples, então chegariam a algum lugar. Do contrário, se recorressem a adjetivos, se tornariam pernósticos, intelectualóides, ficariam apenas na intenção de interpretar."
A montagem teve preparação corporal de Vivien Buckup, iluminação de Domingos Quintiliano e sonoplastia de Aline Meyer, que criou música para os silêncios beckettianos.
A estréia de "Fim do Jogo" no novo palco de São Paulo, o teatro Folha (shopping Pátio Higienópolis), marca também o lançamento da sessão dupla às sextas-feiras (às 18h e às 21h30), a partir da próxima semana. Haverá ainda duas sessões aos sábados e uma aos domingos.
(VS)


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