São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2001

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MÚSICA

A fórmula secreta do Chemical Brothers

Saiba como vai ser "Come with Us", quarto disco da dupla inglesa, um dos nomes mais importantes da música eletrônica; CD só chega em 28 de janeiro, mas já está na net

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Começou na África. E, se foram os Chemical Brothers que disseram, pode acreditar. A música "It Began in Afrika" foi o primeiro single do aguardado "Come with Us", quarto disco da dupla inglesa, hoje um dos nomes mais poderosos da música eletrônica.
Quebrada e cheia de batuques, a música foi lançada como single em setembro e entrou no set de top DJs. No último Free Jazz, por exemplo, foi usada por Ray Roc, Jon Carter e Fatboy Slim.
Foi o aperitivo que Tom Rowlands e Ed Simmons deram à galera.
"Come with Us" tinha lançamento previsto para este ano. Mas, com o respaldo de quem vendeu 2,3 milhões de cópias do disco anterior, "Surrender", Tom e Ed não gostaram da sonoridade do álbum e resolveram mexer em tudo. Resultado: o CD só chega às lojas em 28 de janeiro.
Mas, se você tem uma boa conexão de internet e é um sujeito paciente, vai conseguir baixar as dez faixas do disco. As músicas estão dando sopa em endereços como www.supermp3s.net ou no KaZaA (www.kazaa.com).
A Folha garimpou as músicas e adianta aqui o que você vai ouvir em "Come with Us".

"Come with Us"
- Segundo o site oficial do duo (www.theche micalbrothers.com), esta é a primeira faixa do álbum. Começa épica, com violinos. Daí uma voz sombria, na linha filme de terror B, convida: "Venha com a gente e deixe as preocupações para trás". Começa então um big beat contagiante, cheio de efeitos grandiosos. Feche os olhos e, sim, vá com eles.

"It Began in Afrika"
- O single já circula por tudo quanto é pista. Tem batuques afro, batida irregular, barulhos de selva, congas.

"Galaxy Bounce"
- A música transpira George Clinton, tendência que não é nova entre o povo do big beat. O baixo funkeado e a bateria em contratempo compõem com vocais gritados. Lembra Funkadelic, tem um quê de Sly & The Family Stone. É a porção black de Tom e Ed.

"Star Guitar"
- O clima aqui é de transe clubber (transe, não trance). Batida de disco music, com chimbal no contratempo, e guitarrinha suave, mas marcante, mostram a veia house dos Chemical Brothers. A letra diz: "Você deve sentir o que eu sinto/Você deve tomar o que eu tomo". A pista certamente vai derreter...

"Hoops"
- Funk com violões de flamenco abrem a música. Coincidência ou não, Fatboy Slim abriu seu set no Free Jazz, em São Paulo, com violões de flamenco. "Hoops", então, ensaia um tech-house rápido. Eis que volta o funk pancadão, à la "Planet Rock", do Afrika Bambaata. Pode ser um fracasso na pista. É coisa de quem está seguro o bastante para experimentar.

"My Elastic Eye"
- Quebradeira total, do início ao fim. Se o ritmo fosse mais acelerado, passaria por drum'n'bass. Efeitos um pouco over, como teclados sobrepostos e "camas", dão uma cara comercial à música.

"The State We're In"
- Parceria com a cantora Beth Orton, antiga colaboradora, que continua cantando lindamente. Lenta e com cara de moderna, a faixa tem tudo para virar trilha de comercial bacana.

"Denmark"
- Tech-house cheio de energia, com toques latinos e baixo agudo pontuando a música. Prontinha para as pistas.

"Pioneer Skies"
- Depois de uma linda introdução com som de cravo, a música evolui para um break beat lento, pontuado por teclados e muitos efeitos. Em momentos assim, os Chemicals mostram que podem soar absurdos mesmo passando longe da pista.

"The Test"
- Participação do ex-Verve Richard Ashcroft. Britpop encontra o break beat. E o resultado é muito chato.


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