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Brasil segue caminho oposto ao da França
DA REPORTAGEM LOCAL
"Não podemos acreditar que
uma legislação que transforme
a internet num ambiente hostil
seja razoável. O Brasil não comporta uma lei como a francesa,
que criminaliza o usuário."
Com essa frase, o secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC), Alfredo Manevy,
indica o caminho que o governo
brasileiro pretende trilhar no
novo ambiente digital.
Vai na mesma direção a fala
de Guilherme Almeida, da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça,
que, há uma semana, deu início
à consulta pública para a criação de um novo marco legal da
internet. "Vamos definir responsabilidades, mas sem esquecer o direito do usuário."
Ao que tudo indica, a ideia do
governo é trabalhar de maneira
conjunta as mudanças na lei do
direito autoral e a regulamentação da internet. "Os textos
devem estar no Congresso em
2010", prevê Almeida. "Percebemos, inclusive, movimentos
para que a lei Azeredo seja arquivada." A Lei Azeredo, em
tramitação, procura coibir os
crimes praticados na internet,
mas, rígida, acaba por penalizar
também o usuário comum.
A definição de limites para a
internet tem originado violentos cabos-de-guerra no mundo
todo. A lei francesa, que punia
quem fizesse download ilegal,
ganhou fama; no fim, foi rejeitada pelo Conselho Constitucional. O governo canadense
também apresentou um projeto que, de tão atacado pela sociedade, foi engavetado.
"É preciso saber o quanto a
proteção não restringe a difusão do conhecimento, que é a
base da internet", diz o professor Marcos Wachowicz, da
UFSC. Do outro lado, Juca Novaes, da Abramus, vê como prejudiciais aos autores os discurso excessivamente liberalizante sobre a internet .
"Não dá para imaginar um
mundo no qual os autores não
recebam por sua criação. A tendência é que se consuma na rede, mas alguém tem que pagar
por isso", diz. "Por trás dos
downloads, estão provedores
ganhando dinheiro. Há autores
que, se não receberem direitos
autorais, não têm como pagar
aluguel."
(APS)
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