São Paulo, segunda-feira, 09 de novembro de 2009

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Crítica

Iggy Pop evoca céu e inferno

Com os Stooges, roqueiro veterano inflama público e ignora confusão

Lucas Lima/UOL
Iggy Pop entre fãs no palco do show no sábado

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

A apresentação de Iggy Pop & the Stooges foi o céu e o inferno do Planeta Terra, o festival que reuniu mais de 16 mil pessoas (segundo a organização) para uma maratona de 15 apresentações em 12 horas no último sábado, no Playcenter, em São Paulo.
Baseado no álbum "Raw Power", de 1973, o show foi uma combinação de som incendiário, em volume de estourar os tímpanos, e pancadaria.
Acompanhado por Steve Mackay no sax, Mike Watt no baixo, Scott Asheton na bateria e James Williamson no lugar do guitarrista Ron Asheton, morto no início do ano, Iggy Pop, aos 62, pulou, rebolou e chacoalhou a cabeleira platinada ao longo de mais de uma hora, mostrando que existe vigor rock and roll mesmo à beira da terceira idade.
Sem camisa e com um cofrinho que escapava cada vez mais da indefectível calça justíssima, Iggy demorou apenas uma música para ficar de quatro e provocar o público com uma masturbação simulada.
Levou outras três canções para se jogar na plateia pela primeira de uma série de vezes, para sufoco dos seguranças.
Depois de levantar o público com "Search and Destroy" e "Gimme Danger", o tradicional convite para que "alguns" fãs subissem ao palco foi má ideia, acabou em confusão e agressões embaladas pelo som do sax de Mckay. "Obrigada! Me sinto bem melhor agora", disse Iggy.
Para uma banda cujo repertório todo é de clássicos, foi fácil despistar o episódio no ritmo no hit seguinte. Numa sequência que foi de "Fun House" e "Johanna" a "I Wanna Be Your Dog", pouco ficou de fora.
Ao final da apresentação, pingando suor, cambaleante e praticamente pelado, Pop ainda inflamou o público com "Lust for Life", numa performance digna do rockstar que é.


IGGY POP & THE STOOGES
Avaliação: ótimo





MONGA
Uma das atrações do Playcenter abertas no evento, a Monga, a mulher-macaco, tinha uma produção tão pobre que assustava menos do que os seguranças do Iggy Pop.

TÉDIO
O Primal Scream fez uma apresentação tediosa no festival. Menos eletrônico e mais rock and roll, o show da banda foi interrompido duas vezes pelo vocalista Bobby Gillespie, que reclamava por não conseguir ouvir o som direito. De fato, baixo e guitarra desapareciam numa massa sonora de voz e bateria. Dali por diante, seu desânimo era evidente.

PLATEIA TEEN
Com um enorme número de teens na plateia, o duo inglês Ting Tings fez show com um espírito de pista de dança. Tocaram todos os hits do único disco que lançaram. A vocalista Katie White trocou de guitarra cinco ou seis vezes, mas não parecia tocar muito. Era questão de estilo.

ANTIFUMO
A área VIP do festival era território livre da Lei Antifumo em vigor em São Paulo. Cigarros eram acesos no local sem a menor cerimônia.

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