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LIVRO - LANÇAMENTO
Obra relata histórias da imigração síria e libanesa
PAULO DANIEL FARAH
da Redação
O livro "Memórias da Imigração
- Libaneses e Sírios em São Paulo",
lançado pela Discurso Editorial,
retrata um capítulo expressivo das
histórias brasileira e árabe.
Há 6,5 milhões de descendentes
de libaneses (mais que a população
do Líbano: 3,1 milhões) e 3,5 milhões de sírios no país.
A obra, em suas 772 páginas, reúne depoimentos de 69 (37 homens
e 32 mulheres) imigrantes do Líbano e da Síria e descendentes, colhidos a partir de 1981.
Resgata, ainda, a experiência de
vida dos entrevistados, aspectos
econômicos, sociais e políticos do
Brasil e do Oriente Médio -no
contexto do Império Otomano e
da independência desses dois países- e a São Paulo do início deste
século.
As autoras são as brasileiras Lina
Saigh Maluf, psicanalista, Betty
Loeb Greiber, joalheira, formadas
em ciências sociais pela USP (Universidade de São Paulo), e Vera
Cattini Mattar, que estudou letras
no Instituto Sedes Sapientiae.
²
Fidelidade aos relatos
Maluf e Mattar (ambas de ascendência libanesa) e Greiber (descendente de húngaros) disseram à
Folha que procuraram "jamais
mudar uma expressão do entrevistado".
Como exemplo dessa fidelidade
ao relato oral, citam a manutenção
de "Norte América" nos depoimentos, em vez de "América do
Norte".
Na transcrição, as escritoras buscaram um meio termo entre a literalidade total e a correção excessiva. "São entrevistados, não são Rui
Barbosa." A intenção era não perder a espontaneidade dos depoimentos. "Não pode ser uma linguagem pasteurizada."
As entrevistas, normalmente feitas em duas ou três sessões, eram
conduzidas com o mínimo de interferência possível, a fim de evitar
que os depoentes fossem conduzidos durante os testemunhos.
De acordo com Mattar, tentavam
"deixar a pessoa desenvolver o tema por si" e intervinham pouco.
"O jeito como a pessoa conta é que
traz a graça", diz Maluf. "São
idéias que só a pessoa tem."
O relacionamento com os entrevistados era tranquilo -José
Khoury, que morreu recentemente com 106 anos, era chamado de
"namorado" de Greiber, devido à
simpatia que nutria por ela (recíproca, segundo Greiber, que considera o relato dele seu preferido).
Ninguém se recusou a ser entrevistado. Uma senhora árabe (Salwa Mahfuz), no entanto, aceitou
conversar com as organizadoras
sob a condição de que a entrevista
não fosse gravada. "Tinha vergonha do sotaque", explicam.
Alguns libaneses tinham sotaque
"acaipirado". Nesses, "a mentalidade (do interior) ficou", dizem.
Entre os percalços que enfrentaram para finalizar a obra, as autoras destacam a mudança de editor
durante a realização do livro.
Diluídos nas entrevistas, apresentam-se as condições de vida
dos imigrantes em seus países de
origem, as razões da imigração, a
viagem e as condições da chegada,e o trabalho em São Paulo etc.
Notas de rodapé, que incluem a
tradução de palavras árabes, esclarecem acontecimentos e termos
nem sempre conhecidos.
²
Livro: Memórias da Imigração - Libaneses e
Sírios em São Paulo
Autoras: Lina Saigh Maluf, Betty Loeb
Greiber e Vera Cattini Mattar
Lançamento: Discurso Editorial
Quanto: R$ 75 (772 págs.)
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