São Paulo, quarta, 9 de dezembro de 1998

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MÚSICA
Lloyd Cole


Um dos principais popstars britânicos dos anos 80, o ex-líder dos Commotions vem pela primeira vez ao Brasil; show de hoje em SP terá antigos sucessos e faixas de sua carreira solo


LEANDRO FORTINO
da Redação

O cantor inglês Lloyd Cole, que nos anos 80 liderava o grupo Lloyd Cole and the Commotions, desembarca hoje em São Paulo, onde leva ao Palace o show de sua mais nova turnê, que acabou de rodar os EUA (ele se apresenta no Rio no sábado).
Com os Commotions, Cole gravou três álbuns e lançou uma coletânea. E foi responsável por emplacar na parada britânica algumas das mais belas melodias feitas pelas bandas da cena pós-punk nos anos 80.
São de Lloyd Cole hits inesquecíveis como "Lost Weekend", "Perfect Skin" e "Rattlesnakes", faixa que dá título ao álbum de estréia do grupo, de 84, grande sucesso de crítica e de público na época.
Leia a seguir a entrevista feita por telefone de Los Angeles, última parada do cantor e guitarrista antes dos dois shows que fará no Brasil.
Folha - Você conhece alguma coisa do Brasil?
Lloyd Cole -
Não, mas estou muito curioso em conhecer a cultura brasileira. O Brasil é um lugar que tem cidades muito diferentes, como São Paulo, que é uma das maiores do mundo e é também muito industrializada. Ouvi dizer que a vida noturna em São Paulo é ótima. Não sei se terei muita oportunidade de sair à noite. É difícil estar em um país estrangeiro e não ir aos lugares errados. Uma das coisas difíceis de estar numa banda em situações como essa é que as pessoas sempre querem te levar a lugares em que podem tomar conta de você. Gostaria de visitar os bares brasileiros. As pessoas jogam sinuca no Brasil?
Folha - Algumas. Há alguns bares com mesas de sinuca, mas não é um hábito tão comum como é nos países britânicos. Sobre o novo disco, quando será lançado?
Cole -
Não faço discos com muita frequência. Tento parar de escrever músicas, mas não consigo. O lado dos negócios da minha carreira no último ano e meio tem sido meio louco. Minha gravadora na Europa estava planejando relançar uma coletânea da minha carreira. Não aconteceu, talvez saia no ano que vem. Ao mesmo tempo, comecei a escrever e gravar músicas para o meu novo disco. Mas tudo está no meio do caminho, o que me leva a crer que em 99 terei três CDs.
Folha - Como foi trabalhar com o produtor Stephen Street (The Smiths), em "Love Story"?
Cole -
Eu o conheço há alguns anos e ele está trabalhando no próximo disco também. Ele é um produtor bem tranquilo de trabalhar, que entende bem o que eu estou tentando fazer.
Folha - Um produtor é muito importante em um disco seu?
Cole -
Não acho fácil julgar o próprio trabalho. Quando termino de gravar um álbum, nunca sei se é realmente um bom álbum até alguns anos depois. Fiz álbuns que não eram tão bons, mas, quando você os termina, está tão dentro do projeto que não consegue enxergar o lado certo. É para isso que servem os produtores.
Folha - Como está o seu trabalho com a banda The Negatives?
Cole -
São todos músicos de Nova York. Mas para esta turnê há também o Neil Clark, que era guitarrista dos Commotions. É o primeiro grupo fixo que tenho desde os Commotions. Tem sido bem legal ter pessoas comigo para as quais eu não preciso ficar dando ordens.
Folha - Por que os Commotions acabaram?
Cole -
Acho que é porque fizemos tudo o que queríamos fazer. Sempre digo que, se fosse uma boa idéia gravar um quarto disco dos Commotions, nós o teríamos gravado. Não queríamos ser como os grupos que forçam a barra fazendo o mesmo tipo de discos sem parar, como os Rolling Stones e Van Morrison. Embora adore esses artistas, não queria ficar como eles.
Folha - Foi uma surpresa ter o disco de estréia dos Commotions, "Rattlesnakes", tão aclamado pela crítica e pelo público?
Cole -
É estranho ter um disco que todo mundo adorou. Foi muito excitante e é também bom ter a sensação de termos tido sorte no primeiro disco que fizemos, que soou do jeito que queríamos e todo mundo gostou. Fiz outros discos desde então que eram ótimos, mas as pessoas não gostaram. Fiz também alguns que não eram tão bons, mas que todos adoraram. É bom conseguir as duas coisas.
Folha - Você vai cantar músicas dos Commotions?
Cole -
Tocaremos algumas músicas dos Commotions, algumas músicas de meus discos solo e também músicas do próximo. E sempre tocamos umas duas covers.
Folha - Você ouve novas bandas?
Cole -
O Air (francês) é o único grupo de hoje que eu gosto.
Folha - O que você acha do britpop, já que de alguma maneira você serviu de influência para eles?
Cole -
Não acho que fui uma influência, porque, se fui, estou muito desapontado. Acho que a maioria é um lixo. Mas há alguns bons no Reino Unido. Fico feliz em ver o Massive Attack se tornar um grande grupo. O Blur também merece estar indo bem. Mas a maioria das guitar bands da Inglaterra são muito estúpidas. Parecem ter esse bloco de som de guitarras, que é constantemente o mesmo, sem dinâmica, sem texturas interessantes. Há algumas ótimas melodias nas músicas do Oasis, mas não é o suficiente para mim.


Show: Lloyd Cole
Quando: hoje, às 21h30
Onde: Palace (al. dos Jamaris, 213, Moema, tel. 011/531-4900)
Quanto: de R$ 25 a R$ 60





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