São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Mônica Bergamo

@ - bergamo@folhasp.com.br

João Sal/Folha Imagem
Gisele Bündchen chega à festa em sua homenagem na boate The Week, no Rio de Janeiro, na madrugada de quarta-feira


Gisele anda curiosa: "Como é amamentar?"

"Tragam caipirinha de saquê! Gisele vai querer caipirinha de saquê!", pede um dos mais de cinco assessores que acompanhavam a top Gisele Bündchen na festa de anteontem, promovida pela Colcci no Rio. Assim que chega à boate The Week pelas portas do fundo em um Audi blindado, a modelo encosta no balcão da área VIP -dentro do camarote que já é VIP. Devora sushis e sashimis -com hashi e com as mãos- e bebe caipirinhas a noite toda.

 

Além do próprio staff, poucas pessoas têm acesso à Gisele. Entre elas, a "aaa-miiiii-gaaaa!" e modelo Michelle Alves. "Olha essas fotos!", pede Michelle, sacando um celular da bolsa para mostrar um álbum do filho Oliver, 1. "Nhooooó, que fofo!", responde a anfitriã. "Menina, é a cara do pai!" Na festa para comemorar o maior evento de moda do Rio, as duas modelos conversam sobre amamentação. "Como é amamentar?", pergunta Gisele, enquanto segura os próprios seios. Ela quer saber por quanto tempo Michelle deu de mamar. Elas seguem o "papo maternidade".
 

Preta Gil, uma das poucas celebridades no camarote, também quer tietar. Pede para ver Gisele. Lá, puxa papo, faz piadas e, quando uma produtora musical com cabelo black power se aproxima para roubar a atenção da top, brinca: "Eu sou a Preta e ela é a negra". E completa: "Não tenho preconceitos, viu? Nem contra você, Gisele!".
A top deixa a festa às 2h30 -antes de ver a supresa que os donos da Colcci preparavam para ela: apresentação de Mr. Catra, o funkeiro que canta músicas como "Ela Mama Meu Ganso" e "Putaria da Boa".
 

Antes da festa, o desfile. O backstage da Colcci é quente e apertado para os mais de dez modelos. "Só percebemos que a Gisele vai desfilar com a gente por causa do alvoroço. Mas ela está lá, tranqüila no camarim dela que é bem maior que o nosso", diz Vanessa Cruz, 16.
Que modelo seguirá Gisele na fila do desfile? "Gisele não pega fila, meu bem!" A novata Lovani Binnow, 16, continua: "Nos ensaios, uma pessoa da produção fazia o papel da Gisele porque o ensaio dela é separado".
 

A cantora Fernanda Abreu chama de "bobajada" responsabilizar usuário de drogas pela violência. O tema é debatido entre os que viram "Meu Nome Não É Johnny", sobre um traficante que vendia cocaína para endinheirados do Rio. "Vamos culpar o descaso dos políticos!
Isso sim é responsável pelo tráfico e por bandidos assaltarem com fuzil israelense."
 

O cantor Jorge Ben Jor, à espera para ver Gisele desfilar, diz "adorar moda". Qual a marca brasileira favorita? "Modéstia à parte, adoro minhas pecinhas italianas, francesas e americanas. Viajo muito, então só compro roupas no exterior."

Frases

"Vamos culpar os políticos! Isso sim é responsável pelo tráfico e por bandidos assaltarem nos faróis do Rio com fuzil israelense"
FERNANDA ABREU, cantora

"Olha essas fotos!"
MICHELLE ALVES, estendendo um celular com imagens do filho, Oliver, para a amiga Gisele Bündchen

"Nhoooó! Que fofo! Menina, é a cara do pai!"
GISELE BÜNDCHEN

Portinari com data errada
João Candido Portinari soltou foguetes com a recuperação de "O Plantador de Café", mas agora quer que o Masp corrija uma imprecisão séria em relação à tela de seu pai. Ele afirma que a data do quadro está errada. A obra não é de 1939, como informa o museu, mas de 1934.
"Temos certeza que é de 1934, isso é comprovado pela documentação. Há recortes de jornal de 1934 que mostram a tela", diz. A data foi estabelecida pelo Projeto Portinari, uma pesquisa que já dura 20 anos e que resultou no catálogo mais completo de um artista brasileiro, com cinco volumes.

ABERTO A MUDANÇAS
O Masp diz seguir a data que está no quadro. Informa ter recebido um aviso de João Candido, mas nenhum documento. Com documentação, o Masp afirma que pode mudar a data.

CONVITE AO ROUBO 1
Estudo da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal indica que cinco museus federais do Rio estão vulneráveis ao roubo. O relatório foi encaminhado ao Iphan (Instituto Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em abril de 2007.

 

Responsável pelo Departamento de Museus do Iphan, José do Nascimento Júnior diz que o trabalho foi encomendado à PF pelo órgão e que os problemas detectados são mais ou menos comuns: "Dos problemas, 70% têm relação com a gestão dos museus, como equipe de segurança insuficiente ou mal-organizada; os outros 30% são de equipamento, como alarmes, sensores".

CONVITE AO ROUBO 2
As providências já começaram a ser tomadas, segundo ele. Em 2007, o Chácara do Céu, um dos vistoriados pela PF e de onde foi roubado um Picasso, recebeu R$ 500 mil para iniciar as mudanças. Até 2008, a previsão é de mais R$ 1,5 milhão para investimentos em museus.

DEIXA O LULA SAMBAR
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) quer levar Lula para... o samba. A entidade convidou o presidente para assistir a um ensaio da Unidos de Vila Isabel, no dia 24. Martinho da Vila poderá ciceronear Lula na escola, que tem como samba-enredo o tema "Trabalhadores do Brasil". Trecho da letra: "O brasileiro tem o seu valor/ Meu Deus, ajude o trabalhador!".

SEM BARBÁRIE
O secretário estadual de Justiça, Luiz Antonio Marrey, diz que o tratamento dado a Champinha, que matou Liana Friendebach, foi determinado pela lei. O pai dela, Ari, lançou um manifesto, porque o criminoso até assiste à TV. "As famílias vítimas deste tipo de violência gostariam que os criminosos vivessem com mãos e pés algemados. Mas o Estado não pode se igualar à barbárie dos recolhidos ao sistema prisional".

RECOMPENSA
A Unesp vai recompensar com R$ 15 mil pesquisadores que publicarem artigos nas revistas "Nature" e "Science".

OSCAR AQUI
Seis dos 15 documentários que concorrem a uma indicação para o Oscar já estão inscritos no festival É Tudo Verdade.

APOSTA
"Meu Nome Não É Johnny", que estreou com 102 cópias, vai colocar mais 40 nos cinemas. O motivo, segundo os produtores, são os números da estréia: o filme fez 150 mil espectadores no primeiro fim de semana.

INTERESSE
O prefeito Gilberto Kassab baixa esta semana um decreto transformando a São Paulo Fashion Week e a Mostra Internacional de Cinema em "eventos de especial interesse para a cidade". Com a classificação, eles poderão receber verbas da prefeitura.

SÓ BIRITA E CHURRASCO
Eleito DJ número um do mundo pela revista "DJ Mag", o holandês Armin van Buuren foi modesto na lista de exigências para tocar hoje na Pacha. Pediu vodca francesa (R$ 170 a garrafa) e a ida a uma churrascaria.

FUGA DO FRIO
O trompetista Roy Hargrove, que já foi eleito o melhor do mundo pela revista "Down Beat", pediu ao empresário Pedro Paulo Machado que o tirasse "uma semaninha" do inverno de Nova York. O pleito foi atendido. Hargrove toca dias 24 e 26 no Mistura Fina, no Rio.

BOMBA NA ESCOLA

Bianchi filma o PCC

No quadro-negro da sala 9 do CEU Paz, no Jardim Paraná, periferia de São Paulo, está escrito "Virgulino Ferreira (Lampião) + Zumbi dos Palmares = Ferréz". Em uma das carteiras, o ator Marat Descartes aguarda a chegada dos colegas e da professora Cássia Kiss, que vai discutir a obra do escritor do Capão Redondo. Na sala ao lado, o diretor Sérgio Bianchi confere um dos cenários de seu próximo longa, que, por enquanto, tem dois títulos: "Os Inquilinos" e "Território Livre". "Mas também penso em chamá-lo de "Os Incomodados que se Mudem'", diz Bianchi.

 

" É a história de um cara que tenta manter a dignidade da família, em meio àquela época em que ônibus explodiram e tudo ficou mais difícil", define o diretor, referindo-se aos ataques do PCC a São Paulo, em maio de 2006. A facção criminosa é o pano de fundo da história, mas Bianchi evita citar o "partido", termo usado pelos atores Marat Descartes e Caio Blat. "Ele está no meio da favela e precisa terminar o filme, então não pode ficar falando dos caras", diz a diretora de arte Bia Pessoa.
Na noite de terça-feira, a equipe filmou uma cena em que um ônibus explode do lado de fora da sala de aula. As duas bombas cenográficas, detonadas atrás de uma rocha do CEU, levam 600g de pólvora e 20 litros de gasolina. A rua deve ser isolada, mas a primeira preocupação é o barulho da igreja evangélica em frente à escola.
Um membro da equipe vai até lá e informa: "O culto está acabando, falta só um louvor."
 

Com o trecho em frente ao CEU já isolado, cerca de 60 pessoas se juntam para ver as bombas. "Tem duas crianças na laje, olhando para a câmera", diz um dos membros da equipe, antes de a segunda explosão ser filmada. "Tem que pedir para o pessoal ficar quieto! Mas o platô [responsável por isolar a via] segue o [lema] "distraídos, venceremos'", reclama Bianchi. O ruído diminui. Cássia Kiss fala o seu texto e a bomba explode.
Os moradores se dispersam, como se também estivessem sendo dirigidos. Ou sob toque de recolher, situação retratada no longa-metragem: as luzes de uma casa se apagam e um bar, em frente à escola, recolhe as mesas e baixa as portas.

CURTO-CIRCUITO

JULIANA BRIZOLA, neta de Leonel Brizola, assume neste mês a Secretaria para Assuntos da Juventude de Porto Alegre.
O CLUBE DO BALANÇO abre a programação de samba-rock do bar Diquinta, a partir de hoje até o dia 31, às quintas-feiras.
AS PEÇAS "Cheiro de Chuva" e "Novas Diretrizes em Tempos de Paz", de Bosco Brasil, estão no segundo livro da coleção "Palco sur Scene", que será lançado hoje, no Itaim.
O GRUPO ESPANCA! sobe ao palco do Sesc Avenida Paulista amanhã, às 21h30, com o espetáculo "Amores Surdos".

com MARIO CESAR CARVALHO e ANDRÉA MICHAEL (interinos), AUDREY FURLANETO, DIÓGENES CAMPANHA e DÉBORA BERGAMASCO

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