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ARTES PLÁSTICAS
Curador-chefe da 50ª edição da mostra afirma que haverá novos espaços na exposição de 2001
Ivo Mesquita adianta novidades da Bienal
JULIANA MONACHESI
free-lance para a Folha
Ivo Mesquita está correndo
contra o tempo. São 14 meses até a
abertura da 25ª Bienal de São Paulo. O curador-chefe não fala em
nomes de artistas que participarão da mostra, mas adianta algumas novidades.
Os 50 anos de Bienal, que se
completam em 2001, serão celebrados na mostra com o lançamento de um livro e com a criação
de lounges (espaços para o público descansar) ao longo da exposição, encomendados para artistas
ou designers, onde haverá pequenos ciclos de Bienais, catálogos e
fotos.
Além disso, o perfil do núcleo
histórico vai mudar, e a exposição
vai ganhar novos espaços. Leia a
seguir os principais trechos da entrevista à Folha.
Folha - Como vai ser a inspiração de "Seis Propostas para o
Próximo Milênio", do Ítalo Calvino, na Bienal?
Ivo Mesquita - Na verdade, Calvino propõe seis categorias com
as quais ele faz uma prospecção.
O que eu estou pegando do livro
dele não são as categorias, mas a
estratégia, o princípio. O que ele
está perguntando é quais seriam
as qualidades que possibilitariam
que a literatura continuasse funcionando no século 21. Estamos
fazendo a mesma pergunta só que
para as artes e para a própria Bienal.
Nós estamos definindo alguns
motivos, algumas qualidades
também, para usar o termo do
Calvino. Ainda estamos transitando por campos. A exposição
tem três estratégias formais básicas: interdisciplinaridade, a visão
em prospectiva e a questão de sair
do espaço do prédio, ir para outros espaços na cidade, reais ou
virtuais, não importa, inclusive
em outras cidades. Então a gente
está pensando em fazer eventos
paralelos no Rio, em Brasília.
Folha - Que qualidades vocês
estão cartografando?
Mesquita - A gente definiu três
grandes campos. Primeiro a questão política. É possível identificar
na produção artística hoje uma
arte extremamente politizada ou
nem um pouco politizada, e nos
parece que isso é um sintoma que
vale a pena investigar.
Um segundo campo seria a
questão da existência de uma
quantidade grande de trabalhos
cada vez mais interativos. Aí a
gente está falando de um campo
mais social, da experiência antropológica da arte.
E o outro campo, que é mais
cultural, são as formas das novas
realidades, dos híbridos, no sentido de que tem trabalhos que expressam a perda da realidade, como essas fotografias construídas,
filmes, alteração em computador. E entrariam aí todas as formas de híbridos, seja de linguagem ou de cultura.
Mas são campos muito amplos,
só aí são três exposições. Há uma
parte do processo que é uma discussão teórica e que ganha forma
quando você começa a falar de
nomes, que foi uma coisa que a
gente evitou. A gente ainda não
definiu nomes.
Folha - Que tipo de relação
existe entre a Bienal SP e as outras? Elas conversam entre si?
Mesquita - Quando você pensa
que são 37 bienais no mundo, isso está indicando que existe uma
economia, tem um sistema do
qual a Bienal de São Paulo é parte. Ela pertence a esse circuito do
qual é uma das líderes. Todo
mundo sabe que o modelo está
errado, tem muita crítica, mas
elas de fato representam um diálogo, uma possibilidade de conversa num certo território que é o
das artes.
O que a gente está fazendo é intensificar esse diálogo com outras áreas, com os próprios países. A gente está mudando o sistema de escolha, estamos nos dispondo a visitar todos os países
que queiram participar da Bienal
e, junto com eles, escolher uma
coisa que faça sentido aqui em
São Paulo.
Folha - O que vai ser feito no
núcleo histórico?
Mesquita - Ele vai ter como
centro a cidade de Brasília, sendo
menos vinculado do que na última Bienal à exposição contemporânea. A gente parte de Brasília
para falar daquelas utopias -o
título desse segmento vai ser
"Histórias do Futuro"- que
projetaram ou realizaram cidades neste século.
Acho que Brasília, por ser uma
cidade do final dos anos 50, é um
bom eixo que corta. Ela é a única
utopia que nós temos ou a grande utopia do Brasil neste século,
mas ao mesmo tempo é a cidade
em que todas as idéias propostas
pelas vanguardas estariam de alguma forma contempladas ou
informando a realização dela.
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