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500 ANOS
A pouco mais de dois meses do 5º centenário, comemorações continuam em aberto e restritas a Bahia
Programação oficial está indefinida
Reprodução
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"Composição", de Tarsila do Amaral, quedro que integra a Mostra do Redescobrimento |
CYNARA MENEZES
especial para a Folha
Os 500 Anos do
Brasil parecem ter
sido obscurecidos
pelo milênio: a pouco mais de dois meses da data, a programação oficial que vai celebrar
o Descobrimento ainda permanece em aberto e, em parte, restrita à
região de Porto Seguro e Santa
Cruz de Cabrália, na Bahia, onde a
esquadra de Pedro Álvares Cabral
aportou.
Entre os eventos de grande porte, se destaca apenas a "Mostra do
Redescobrimento - Brasil 500 É
Mais", um grande painel da arte
brasileira desde o período pré-cabralino até hoje, que vai ocupar os
pavilhões do parque Ibirapuera,
em São Paulo, de abril a outubro.
Desde que a responsabilidade
sobre as comemorações deixou o
Itamaraty e foi para o Ministério
do Esporte e do Turismo, há seis
meses, pouca coisa foi acrescentada, além da "carnavalização" da
programação, que saiu das Relações Exteriores porque estaria excessivamente "elitizada".
Os projetos que estavam sendo
tocados pelo Itamaraty foram
abandonados, à exceção da coleção literária "Intérpretes do Brasil", que vai reeditar estudos clássicos sobre o país, como "Casa
Grande & Senzala", de Gilberto
Freyre, em colaboração com a
Nova Fronteira.
A revista "Rumos", que divulgava artigos sobre o Brasil e sobre os
eventos relativos às comemorações, também deixou de ser editada. O antigo coordenador do Comitê Executivo das Comemorações do 5º Centenário, embaixador Lauro Moreira, já não fala sobre o assunto, mas, segundo apurou a Folha, o Itamaraty ainda
não se conformou com a mudança de planos.
Sob a batuta do ministro Rafael
Greca, os eventos de discussão da
data foram preteridos aos de caráter mais popular, e os 500 Anos
ganharam um ar de sesquicentenário da Independência. Como
em 1972, estão programadas manifestações cívicas de rua -em
algumas partes até mesmo com
pompa militar- em todo o país.
Em Salvador, acontece o desfile
temático "Aqui Nasceu o Brasil",
no dia seguinte ao das comemorações na região de Porto Seguro,
que terá solenidade militar para
receber o presidente de Portugal,
Jorge Sampaio, em Santa Cruz de
Cabrália, uma parada naval, salva
de tiros e apresentação de pára-quedistas do Exército.
O comitê também pretende realizar uma "Páscoa Musical" em
todas as 5.500 cidades brasileiras,
no dia 23 de abril, às 17h. Já no
próximo mês, o presidente Fernando Henrique viaja a Portugal,
onde inaugura prédios históricos
e assiste à saída da regata que vai
refazer o percurso de Cabral, com
a réplica de sua nau Capitânia.
Na tentativa de popularizar
mais os eventos, o comitê presidido por Greca incorporou aos 500
anos o futebol, que terá seu museu inaugurado no Maracanã, em
agosto. O Ministério do Esporte
promete ter o estádio inteiramente reformado para a festa.
Outra jogada popularizante é a
"Taça dos 500 Anos", que, se funcionar, realizará o sonho da torcida de ser treinadora da seleção
brasileira por um dia. O time será
escolhido por meio de um telefone 0800 para enfrentar uma seleção formada por jogadores dos
países que originaram a mistura
brasileira.
Para tentar aproximar as pessoas das comemorações, também
as grandes festas receberam o
subtítulo "500 Anos", como o
Carnaval, em março, e a Festa do
Boi de Parintins, em junho. Talvez
pouca gente saiba, mas o próprio
Mundial Interclubes, que aconteceu em janeiro, foi chamado pelo
comitê de Mundial 500 Anos.
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