São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000


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500 ANOS
A pouco mais de dois meses do 5º centenário, comemorações continuam em aberto e restritas a Bahia
Programação oficial está indefinida

Reprodução
"Composição", de Tarsila do Amaral, quedro que integra a Mostra do Redescobrimento



CYNARA MENEZES
especial para a Folha


Os 500 Anos do Brasil parecem ter sido obscurecidos pelo milênio: a pouco mais de dois meses da data, a programação oficial que vai celebrar o Descobrimento ainda permanece em aberto e, em parte, restrita à região de Porto Seguro e Santa Cruz de Cabrália, na Bahia, onde a esquadra de Pedro Álvares Cabral aportou.
Entre os eventos de grande porte, se destaca apenas a "Mostra do Redescobrimento - Brasil 500 É Mais", um grande painel da arte brasileira desde o período pré-cabralino até hoje, que vai ocupar os pavilhões do parque Ibirapuera, em São Paulo, de abril a outubro.
Desde que a responsabilidade sobre as comemorações deixou o Itamaraty e foi para o Ministério do Esporte e do Turismo, há seis meses, pouca coisa foi acrescentada, além da "carnavalização" da programação, que saiu das Relações Exteriores porque estaria excessivamente "elitizada".
Os projetos que estavam sendo tocados pelo Itamaraty foram abandonados, à exceção da coleção literária "Intérpretes do Brasil", que vai reeditar estudos clássicos sobre o país, como "Casa Grande & Senzala", de Gilberto Freyre, em colaboração com a Nova Fronteira.
A revista "Rumos", que divulgava artigos sobre o Brasil e sobre os eventos relativos às comemorações, também deixou de ser editada. O antigo coordenador do Comitê Executivo das Comemorações do 5º Centenário, embaixador Lauro Moreira, já não fala sobre o assunto, mas, segundo apurou a Folha, o Itamaraty ainda não se conformou com a mudança de planos.
Sob a batuta do ministro Rafael Greca, os eventos de discussão da data foram preteridos aos de caráter mais popular, e os 500 Anos ganharam um ar de sesquicentenário da Independência. Como em 1972, estão programadas manifestações cívicas de rua -em algumas partes até mesmo com pompa militar- em todo o país.
Em Salvador, acontece o desfile temático "Aqui Nasceu o Brasil", no dia seguinte ao das comemorações na região de Porto Seguro, que terá solenidade militar para receber o presidente de Portugal, Jorge Sampaio, em Santa Cruz de Cabrália, uma parada naval, salva de tiros e apresentação de pára-quedistas do Exército.
O comitê também pretende realizar uma "Páscoa Musical" em todas as 5.500 cidades brasileiras, no dia 23 de abril, às 17h. Já no próximo mês, o presidente Fernando Henrique viaja a Portugal, onde inaugura prédios históricos e assiste à saída da regata que vai refazer o percurso de Cabral, com a réplica de sua nau Capitânia.
Na tentativa de popularizar mais os eventos, o comitê presidido por Greca incorporou aos 500 anos o futebol, que terá seu museu inaugurado no Maracanã, em agosto. O Ministério do Esporte promete ter o estádio inteiramente reformado para a festa.
Outra jogada popularizante é a "Taça dos 500 Anos", que, se funcionar, realizará o sonho da torcida de ser treinadora da seleção brasileira por um dia. O time será escolhido por meio de um telefone 0800 para enfrentar uma seleção formada por jogadores dos países que originaram a mistura brasileira.
Para tentar aproximar as pessoas das comemorações, também as grandes festas receberam o subtítulo "500 Anos", como o Carnaval, em março, e a Festa do Boi de Parintins, em junho. Talvez pouca gente saiba, mas o próprio Mundial Interclubes, que aconteceu em janeiro, foi chamado pelo comitê de Mundial 500 Anos.


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