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Concretistas boicotam publicação
DA REPORTAGEM LOCAL
Para cada autor selecionado,
um poema que o representasse.
Não necessariamente seu texto
mais famoso, mas o que atendesse
melhor ao gosto do organizador
ou tivesse sido aconselhado por
críticos por ele consultados.
Em linhas gerais, essa é a estrutura de "Os Cem Melhores Poetas
Brasileiros do Século". Porém
uma das coisas notáveis da antologia publicada pela Geração Editorial é que o livro tem 97 poemas.
A lacuna se deve à ausência dos
trabalhos da tríade concretista:
Décio Pignatari e os irmãos Campos, Augusto e Haroldo.
No prefácio, o organizador, José
Nêumanne Pinto, diz que "não dá
para traçar panorama algum da
poesia brasileira excluído a poesia
concreta" dos três autores. Por
que, então, deles só entra a pequena biografia e onde encontrar o
poema que ali deveria estar?
"É uma verdadeira mania dessas antologias. Não estou a fim
porque o critério é incontrolável.
Uma mistura danada, de acordo
com os critérios do mercado, do
público", responde Pignatari.
Não autorizar a publicação dos
poemas foi uma decisão conjunta
do trio? "Não, há muito tempo a
gente não se consulta. Mas, pelo
longo convívio, muitas vezes há
coincidência de posições."
Haroldo reforça, sem saber, o
que diz Décio. "Já figuro em muitíssimas antologias, nacionais e
internacionais, e, portanto, não tinha interesse em participar dessa
particular, porque a considero demasiado eclética." Augusto, sucinto como alguns de seus poemas, diz: "Nada a declarar".
Para Nêumanne, a solução de
incluir os eleitos, ainda que sem
os poemas, "é melhor do que trocar por outros três, ou publicar os
97 do século". O editor da Geração, Luiz Fernando Emediato, diz
achar que a ausência faz a antologia menos representativa. "Mas,
para meu gosto, menos chata."
"Acho que os três não aceitaram,
por coincidência, porque são concretistas, chatos e elitistas."
(FA)
Livro: Os Cem Melhores Poetas
Brasileiros do Século
Autor: José Nêumanne Pinto (org.)
Editora: Geração
Quanto: R$ 36
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