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TEATRO
Pano de fundo histórico, econômico e moral do texto de 1941 de Bertolt Brecht é debatido por grupos e intelectuais
Ciclo em SP reflete a atualidade da peça "Arturo Ui"
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma peça em que Bertolt Brecht
expõe a teatralidade do fascismo e
sua espinhosa floração capitalista
inspira o ciclo de debates "Estado
de Sítio Mundial - Brecht e as Regras da Exceção", a partir de hoje.
"A Resistível Ascensão de Arturo Ui" (1941) é uma parábola sobre o poder sustentado por palavras, armas, suborno e lucro.
Arturo Ui lidera uma gangue de
atacadistas que busca o monopólio dos negócios em Chicago. O
personagem-título remete às figuras do líder nazista Adolf Hitler
ou do gângster Al Capone, sobretudo pela retórica idealista.
O alemão Brecht (1898-1956) recomendava, em caso de montagem, que se evitasse a paródia: "O
elemento cômico deve ser, até
certo ponto, revoltante."
Em processo de criação do espetáculo, que estréia em junho, a
cia. Teatro de Narradores organizou o ciclo no Cacilda Becker.
São cinco encontros gratuitos,
sempre às segundas-feiras, com
pensadores ou companhias que
refletem o contexto histórico e a
atualidade da peça.
Na abertura, hoje, o filósofo
Paulo Arantes fala do "Estado de
Sítio Mundial: Notícias de Uma
Guerra Cosmopolita".
O tema da próxima semana é
"Da República de Weimar à Periferia Capitalista sob a Devastação
Neoliberal", com o sociólogo
Francisco de Oliveira e o historiador Jorge Grespan.
Um dos panos de fundo da peça
é a República de Weimar (1919-1933), governada por opositores
ao regime republicano alemão e
epicentro de revoluções que
transcenderam o campo da política e alcançaram o das artes.
No dia 24/3, a filósofa Olgária
Matos, a historiadora Angela
Mendes de Almeida e a socióloga
Annie Dymetman aprofundam a
discussão em "A República no
Tempo de Weimar".
A professora de teoria literária
Iná Camargo Costa e o professor
de literatura brasileira José Antonio Pasta Jr. encontram-se no dia
31/3 para abordar ""Arturo Ui" e o
Trabalho de Brecht".
O ciclo termina no dia 7/4 com a
mesa-redonda "Caminhos do
Teatro Épico", com grupo Teatro
de Narradores, Cia. do Latão, cia.
São Jorge de Variedades, Núcleo
Bartolomeu de Depoimentos, Folias d'Arte e Cia. do Feijão.
Dirigido por José Fernando
Azevedo, o Teatro de Narradores
tem identificação com a linguagem épica. O grupo surge na Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da USP, em
1996, mas vai se consolidar como
tal em 1998. Entre as montagens
do currículo, estão "A Lata de Lixo da História" (1996), de Roberto
Schwartz, e "Macário" (2002), de
Álvares de Azevedo.
ESTADO DE SÍTIO MUNDIAL - BRECHT
E AS REGRAS DA EXCEÇÃO - Ciclo sobre
a peça "A Resistível Ascensão de Arturo
Ui", de Bertolt Brecht. Onde: teatro
Cacilda Becker (r. Tito, 295, SP, tel. 0/xx/
11/ 3864-4513). Quando: de hoje a 7/4,
às seg., 20h. Quanto: entrada franca.
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