São Paulo, sábado, 10 de abril de 2010

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Crítica

Filme traz saga de militar que desafiou os EUA

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

"O Homem Mais Perigoso da América" conta a saga de Daniel Ellsberg, um analista militar a serviço dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã que, depois de presenciar in loco os horrores da guerra, sofre uma aguda crise de consciência. Decide revelar à imprensa documentos secretos -os papéis do Pentágono- que detalhavam as mentiras e trapaças inventadas pelo governo norte-americano para justificar a invasão.
Mesmo contada de forma didática e convencional, com direito a dramatizações de cenas reais e até a ridículos desenhos animados para explicar certas cenas, a história de Ellsberg é tão emocionante que prende a atenção do espectador.
O filme é narrado pelo próprio protagonista, o que prejudica a imparcialidade do documentário. Essa fraqueza é compensada por uma seleção incrível de cenas de arquivo e de trechos das célebres "Nixon tapes", as fitas em que Richard Nixon gravava suas conversas na Casa Branca.
Essas conversas revelam mais que qualquer documento: ouvir Nixon discutindo os bombardeios no Vietnã com Kissinger é de gelar os ossos: "Henry, o seu problema é que você se importa demais com os civis. Eu não dou a mínima para eles!". Ou: "Está na hora de destruirmos esse país de merda!".
Ellsberg pagou caro pela audácia: foi perseguido por Nixon e acusado de pôr em risco a segurança nacional. Em certo momento, Nixon se exalta: "Temos de pegar o filho da puta!". "O Homem Mais Perigoso da América" é um documentário importante, que faria uma ótima sessão dupla com o magnífico "Sob a Névoa da Guerra", que Errol Morris fez sobre o secretário de Defesa Robert Mcnamara, chefe de Daniel Ellsberg.


O HOMEM MAIS PERIGOSO DA AMÉRICA

Diretor: Rick Goldsmith e Judith Ehrlicheua
Onde: Hoje no CCBB e Reserva Cultural
Classificação: não informada
Avaliação: bom




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