Última vez em que Brasil teve destaque foi em 70,
quando dois longas lutaram pela Palma de Ouro
Cannes para brasileiro ver
País participa na seleção principal e na mostra paralela Quinzena dos Realizadores, além de ter 13 longas no mercado
DO ENVIADO A CANNES
Há 30 anos o Brasil não emplacava uma representação tão forte
em Cannes. São cinco títulos selecionados, quatro na seleção oficial
e um na mostra paralela Quinzena dos Realizadores, além de 13
longas no mercado.
Foi em 1970 que o cinema brasileiro conseguiu pela terceira e última vez ter dois longas selecionados para a disputa da Palma de
Ouro. Os escolhidos foram "Azyllo Muito Louco", de Nelson Pereira dos Santos, e "O Palácio dos
Anjos", de Walter Hugo Khouri.
O feito acontecera pela primeira
vez em 1954, no sétimo festival,
mas em condições heterodoxas.
Representaram então o Brasil "O
Canto do Mar", de Alberto Cavalcanti, mas também uma produção internacional, "Naked Amazon", dirigida por Zygmunt Sulistrowski. Essa dupla representação
nacional é assim reconhecida pelo
volume histórico oficial de celebração dos 50 anos do festival,
"Cannes Memories".
A edição de 1964 marcou a consolidação internacional do cinema novo. Dois títulos basilares do
movimento concorreram à Palma
de Ouro: "Vidas Secas", de Nelson
Pereira dos Santos, e "Deus e o
Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha.
O Brasil voltaria a destacar-se
em 1982, mesmo sem concorrer à
Palma dos longas. A animação
"Meow", de Marcos Magalhães,
participou da disputa de curtas,
ficando com o segundo prêmio (o
Prêmio do Júri).
No mesmo ano, o longa "Das
Tripas Coração", de Ana Carolina, esteve na mostra paralela "Um
Certo Olhar". Além disso, o pioneiro Humberto Mauro (1897-1983) foi homenageado por um
ciclo especial com três de seus filmes e dois documentários curtos
a ele dedicados por Alex Viany e
David Neves.
As décadas de 60 e de 80 registraram as mais marcantes participações nacionais no evento. Entre
1960 e 1969, nada menos que oito
longas brasileiros concorreram à
Palma de Ouro.
Um deles a conquistou: "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte, no primeiro triunfo
de uma cinematografia periférica
na história do festival.
Um pouco abaixo ficou a marca
do período entre 1980 e 89. Seis
longas brasileiros, três dos quais
dirigidos por Carlos Diegues
("Bye Bye Brasil", "Quilombo" e
"Um Trem para as Estrelas"), disputaram a competição oficial. Os
prêmios mais importantes foram
para interpretações.
Em 1985, William Hurt foi escolhido como melhor ator por seu
desempenho na co-produção
Brasil-EUA "O Beijo da Mulher
Aranha", de Hector Babenco. No
ano seguinte, por "Eu Sei Que
Vou Te Amar", Fernanda Torres
dividiu o prêmio de melhor atriz
com Barbara Sukova ("Rosa Luxemburgo").
Outras produções nacionais foram reconhecidas nas premiações
oficiais. Em 1953, "O Cangaceiro"
de Lima Barreto levou o Prêmio
Internacional para Filme de
Aventura, com menção especial
para a música.
"O Dragão da Maldade Contra o
Santo Guerreiro" valeu a Glauber
Rocha o prêmio de melhor direção em 1969, empatado com o
tcheco Vojtech Jasny ("Todos
Bons Cidadãos"). Por fim, novamente Glauber conquistou em
1977 o Prêmio Especial do Júri para curtas-metragens com "Di".
A derrocada do cinema nacional nos anos 90, a partir do desmonte do aparato estatal de fomento à produção pelo governo
Collor, em 1991, explica a participação apenas pontual na história
mais recente de Cannes.
As projeções mais marcantes
foram de "O Cinema de Lágrimas", de Nelson Pereira dos Santos, em 1995, abrindo a comemoração do centenário do cinema
pelo festival, e de "Coração Iluminado", de Hector Babenco, dentro da competição oficial de 1998.
(AL)
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