São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2001

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MUNDO GOURMET

Bistrô Marie é moderno com referências tradicionais

JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

Na França, o conceito de bistrô ficou elástico e hoje abarca do ultraclássico, com cardápio pequeno e barato, madeiras escuras e o dono no salão, a casas modernas (em decoração e cozinha), claras, caras.
O novo bistrô Marie é uma ponte escancarada entre as duas pontas. É herdeiro do mais tradicional dos bistrôs da cidade, o La Casserole (cuja proprietária, Marie-France Henry, 44, é sócia da nova casa com Eduardo Bechara). E, ao mesmo tempo em que é mais contemporâneo, é cheio de referências explícitas ao velho bistrô do centro.
No lugar da banca de flores do largo, uma moça vendendo flores no terraço. No lugar da enorme foto da Notre Dame, desenhos de Paulo von Poser retratando a catedral. E, na cozinha, os ingredientes dos pratos que há 47 anos pontificam na matriz também reaparecem, mas revisitados.
Então, no lugar dos escargots à provençal, eles vêm com molho de alho e massa folhada; no lugar do pato assado, peito de pato com molho de tamarindo e purê de salsão; no lugar do filé com mostarda, filé recheado com queijo de cabra e molho de vinho tinto com batata frita.
O chef de cozinha é o francês Pierre de Bellissen, 37, desde 1984 no Brasil (e há sete anos dando consultoria ao La Casserole). Ele deve ajeitar aspectos como a massa folhada dos escargots (muito assada, escura e seca) e repensar pratos como o filé cujo recheio de queijo de cabra é extremamente ácido, conflitando com a carne e com o molho.
Por outro lado, a leve acidez do molho de uva itália que acompanha o confit de perdiz funciona muito bem (apesar da galette de batata que o acompanha ser muito espessa e pesada); e o coelho assado recheado com pistaches ao molho de coentro com tortelli de abóbora é outro bom acerto. Leve, a torta tatin de pêra é uma ótima sobremesa.
Boas notícias: a oferta de vinhos não é excepcional, mas é decente, e, modernidades à parte, alguns velhos clássicos do La Casserole (blanquette de vitelo, bouillabaisse, perna de cordeiro assada) também são servidos.


Cotação: $$$ Avaliação:   Restaurante: Marie
Endereço: r. Araçari, 200, Itaim Bibi, tel. 0/xx/11/3045-0628 ou 3045-4337
Horário: de seg. a qui., das 12h às 15h e das 19h à 0h; sex., das 12h às 15h e das 19h à 1h; sáb., das 12h às 16h e das 19h à 1h
Ambiente: salão pequeno com vista para a rua e para a cozinha, com citações do La Casserole
Serviço: contido, jovem
Cozinha: francesa moderna, ao lado de clássicos de bistrô
Quanto: entradas, de R$ 13,50 a R$ 25; pratos principais, de R$ 23,50 a R$ 42; sobremesas, de R$ 7,10 a R$ 11

$ (até R$ 22); $$ (de R$ 22,01 a R$ 42); $$$ (de R$ 42,01 a R$ 62); $$$$ (acima de R$ 62). Avaliação: excelente    ; ótimo   ; bom  ; regular (sem estrela); ruim  

VISITA

Cozinheiro do Daniel(NY) dá aula em SP
O cozinheiro francês Francis Reynard, sub-chef do restaurante Daniel, de Nova York, faz três aparições neste mês em São Paulo. Dia 14, ensina pratos do restaurante no Atelier Gourmand (tel. 0/xx/11/3060-9547). No dia seguinte, dá aula de cozinha para festas (com receitas do buffet de Daniel Boulud) na Universidade Anhembi-Morumbi (tel. 0/xx/11/3841-9660). E na semana seguinte, no dia 22, faz um jantar beneficente no Vecchio Punto Restaurant (tel. 0/xx/11/3845-3380). Aos 40 anos, Reynard já trabalhou em vários países e hoje é responsável por todos os eventos assinados por Daniel Boulud fora do restaurante -como jantares para o ex-presidente Clinton e o atual, Bush, ou a megafesta de comemoração dos 75 anos da revista "Time". Nasceu no Brasil, quando seu pai, diplomata francês, estava em missão em Belém do Pará.


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