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Atriz quer ser diferente de Kidman
DO "LE MONDE"
É uma jovem mal saída da infância, luminosa e repleta de graça, com seu cabelo arruivado e
um jeito meio moleque.
Criada em Hollywood, por pais
"do ramo" (é filha de Ron Howard, antigo astro da série
"Happy Days" que se tornou diretor premiado com o Oscar de
"Uma Mente Brilhante"), Bryce
estreou em Nova York no teatro.
Após trabalhar em "Assim É se
lhe Parece", foi escolhida por M.
Night Shyamalan ("O Sexto Sentido") para o papel principal de
"The Village", que estréia na
França em agosto, iniciando carreira no cinema sob o comando
de dois cineastas conhecidos.
Em "Manderlay", de Lars von
Trier, ela retoma, apesar da juventude, o papel que Nicole Kidman
interpretou com elegância e intensidade notáveis em "Dogville".
"Minha Grace e a de Nicole serão bem distintas", afirma Bryce.
"São na verdade dois aspectos de
uma mesma personalidade. As
personas são múltiplas, e é interessante representar suas facetas
com rostos diferentes." Do diretor, obteve a definição essencial
do papel: uma mulher "determinada e frágil emocionalmente".
"Ainda que "Manderlay" fale de
maneira dura e violenta de uma
realidade dramática que tentamos ignorar -a das relações raciais nos Estados Unidos-, a filmagem foi tranqüila. Mas o filme
talvez seja doloroso de assistir!"
Em seu camarim, há dois livros
na mesa, "Verônika Decide Morrer", de Paulo Coelho, e "História
de O", de Pauline Réage. A surpresa quanto à presença do clássico erótico na biblioteca da jovem
atriz não dura muito: "Foi Lars
que me recomendou", explica. E
constata, vagamente desconcertada: "É muito forte, muito sexual".
Foi exatamente a exploração da
sexualidade que atraiu a atriz ao
cinema de Lars von Trier. "Eu tinha 17 anos quando assisti a "Ondas do Destino" [1996]. Procurei o
vídeo e vi o filme umas 15 vezes
seguidas. Sem brincadeira! Fiquei
em estado de choque. Imediatamente, me tornei obcecada pelo
trabalho que Lars faz."
O cineasta é conhecido pelas relações complexas que mantém
com suas atrizes. Mas a juventude
de Bryce, sua devoção ao trabalho
e sua crença de que "um filme vale
todos os sacrifícios" evitaram fricções, apesar do ritmo de filmagens bastante intenso.
A total empatia com o homem
"de sensibilidade feminina" permitiu que a atriz compartilhasse
com Trier de mais momentos de
diversão (caiaques, videogames)
do que de conversas profundas.
"Perguntei por que sempre coloca
mulheres no centro de seus filmes. Ele respondeu que é mais fácil se identificar com elas."
Deixando de lado a tensão sadomasoquista entre criador e personagem que percorre seus filmes, a
análise ressalta mais o lado "protetor" do cineasta. Ela não esconde a surpresa ao revelar que "diversas vezes ele se recusou a me
levar além dos limites e me disse
que, se tivéssemos escolha, minha
sobrevivência era mais importante que minha interpretação".
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