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Gênero de porão casou samba
e tropicália
DO ENVIADO AO RIO
Tentando configurar uma
frente de resistência ao tropicalismo, a gravadora Odeon investiu em
várias vertentes de
samba a partir de 70.
Ali estavam Elza Soares, Paulinho da Viola
e Clara Nunes, mas
também Marcos Valle
e Doris Monteiro.
Os dois últimos, somados a Jorge Ben,
Erasmo Carlos e a um Wilson Simonal à beira do abismo, foram os principais responsáveis pela combinação
de elementos da soul music
norte-americana e do funk
com música brasileira.
Única mulher entre eles,
Doris apostou no samba nos
LPs brilhantes de 70,
71 (relançados em CD
pela EMI, dona do
acervo Odeon) e 72.
Mas seu samba se
esbaldava em climões
de baile e fortes seções
de sopro; o jazz do
sambalanço dos 60 se
diluía e evoluía ao
soul do samba-soul
dos 70. Gravando suingues
de Jorge Ben, Sidney Miller,
Roberto & Erasmo, Caetano
("De Noite na Cama"), Marcos Valle, Toquinho etc.,
nem percebia que em sua
voz branca e macia acolhia a
negritude do samba e a negritude do soul e do funk.
Era modo de resistir à decadência bonita do samba
proposta pelo tropicalismo
-mas sendo 100% tropicalista, sem saber. Sua intérprete não levou a melhor no
embate.
(PAS)
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