São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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Gênero de porão casou samba e tropicália

DO ENVIADO AO RIO

Tentando configurar uma frente de resistência ao tropicalismo, a gravadora Odeon investiu em várias vertentes de samba a partir de 70. Ali estavam Elza Soares, Paulinho da Viola e Clara Nunes, mas também Marcos Valle e Doris Monteiro.
Os dois últimos, somados a Jorge Ben, Erasmo Carlos e a um Wilson Simonal à beira do abismo, foram os principais responsáveis pela combinação de elementos da soul music norte-americana e do funk com música brasileira.
Única mulher entre eles, Doris apostou no samba nos LPs brilhantes de 70, 71 (relançados em CD pela EMI, dona do acervo Odeon) e 72.
Mas seu samba se esbaldava em climões de baile e fortes seções de sopro; o jazz do sambalanço dos 60 se diluía e evoluía ao soul do samba-soul dos 70. Gravando suingues de Jorge Ben, Sidney Miller, Roberto & Erasmo, Caetano ("De Noite na Cama"), Marcos Valle, Toquinho etc., nem percebia que em sua voz branca e macia acolhia a negritude do samba e a negritude do soul e do funk.
Era modo de resistir à decadência bonita do samba proposta pelo tropicalismo -mas sendo 100% tropicalista, sem saber. Sua intérprete não levou a melhor no embate. (PAS)



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