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CIÊNCIA
Programa mostra nove meses em uma hora
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é slogan presidencial de
Juscelino Kubitschek ("50 Anos
em Cinco"), nem filme de Nicholas Meyer ("Um Século em 43 Minutos"), mas bem poderia ser
uma seqüência deles. Afinal de
contas, "Nove Meses em Uma
Hora" é a melhor definição para
"Vida no Ventre", documentário
que vai ao ar pelo National Geographic.
A produção britânica combina
imagens espetaculares geradas
por computador a novas técnicas
de visualização de fetos ainda no
interior da mulher, em tempo
real, para oferecer lampejos detalhados sobre como um simples
óvulo fecundado por um espermatozóide se desenvolve, ao longo de nove meses, para se tornar
um bebê totalmente funcional.
Em termos de fotografia, é um
trabalho excepcional. Tanto que
praticamente dispensa as chamadas "talking heads" (cabeças falantes) para a condução do programa -entrevistados e apresentadores filmados de maneira direta, falando ao telespectador.
O embasamento científico também é bom, mostrando toda a relação entre genética e desenvolvimento do embrião. Isso permite a
apresentação de conceitos básicos
da teoria da evolução, como o alto
grau de parentesco genético entre
o ser humano e outros animais.
A única escorregadela é o exagerado determinismo genético que
está embutido no programa
-como o momento em que o
narrador diz que o destino de
uma pessoa já está praticamente
predefinido desde o momento em
que ela está no útero.
Na verdade, essa discussão entre natureza e criação na formação do perfil de uma pessoa é
muito mais profunda e não está
tão "resolvida". A sorte dos produtores é que, no caso em questão, trata-se apenas de um elemento jogado, quase fora do contexto do documentário. Assim,
sua impropriedade não chega a
projetar uma sombra forte sobre
o programa, que, não fosse por isso, receberia uma nota dez.
Vida no Ventre
Quando: hoje, às 17h, no National
Geographic
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