São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2005

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CIÊNCIA

Programa mostra nove meses em uma hora

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é slogan presidencial de Juscelino Kubitschek ("50 Anos em Cinco"), nem filme de Nicholas Meyer ("Um Século em 43 Minutos"), mas bem poderia ser uma seqüência deles. Afinal de contas, "Nove Meses em Uma Hora" é a melhor definição para "Vida no Ventre", documentário que vai ao ar pelo National Geographic.
A produção britânica combina imagens espetaculares geradas por computador a novas técnicas de visualização de fetos ainda no interior da mulher, em tempo real, para oferecer lampejos detalhados sobre como um simples óvulo fecundado por um espermatozóide se desenvolve, ao longo de nove meses, para se tornar um bebê totalmente funcional.
Em termos de fotografia, é um trabalho excepcional. Tanto que praticamente dispensa as chamadas "talking heads" (cabeças falantes) para a condução do programa -entrevistados e apresentadores filmados de maneira direta, falando ao telespectador.
O embasamento científico também é bom, mostrando toda a relação entre genética e desenvolvimento do embrião. Isso permite a apresentação de conceitos básicos da teoria da evolução, como o alto grau de parentesco genético entre o ser humano e outros animais.
A única escorregadela é o exagerado determinismo genético que está embutido no programa -como o momento em que o narrador diz que o destino de uma pessoa já está praticamente predefinido desde o momento em que ela está no útero.
Na verdade, essa discussão entre natureza e criação na formação do perfil de uma pessoa é muito mais profunda e não está tão "resolvida". A sorte dos produtores é que, no caso em questão, trata-se apenas de um elemento jogado, quase fora do contexto do documentário. Assim, sua impropriedade não chega a projetar uma sombra forte sobre o programa, que, não fosse por isso, receberia uma nota dez.


Vida no Ventre
Quando:
hoje, às 17h, no National Geographic


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