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TEATRO
"Sozaboy" trata de guerra pela cultura africana
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando cumprimentam uma
pessoa, o burquinense Hassane
Kassi Kouyaté e o francês D'de
Kabal levam a mão ao coração.
Eles têm fé no teatro, como desejam mostrar em "Sozaboy - Pétit
Minitaire" (corruptela para "pequeno soldado"), espetáculo
apresentado somente hoje e amanhã no Sesc Santana.
Num palco praticamente nu,
eles usam poucos objetos, como
uma cadeira, um fuzil e um microfone. A dupla de atores se
apóia sobretudo na palavra, falada e cantada, para conduzir o público à história de um adolescente
aprendiz de motorista seduzido
por um uniforme militar e submetido a três anos no front.
Nesse período de guerra civil,
ele perde a mulher, a mãe, a casa,
a aldeia e até a sua imagem, já que
o tomarão por fantasma. Essas
vozes reverberam em cena.
"A peça é uma escultura feita de
som, luz, corpo e verbo", diz Kouyaté, 42, que herdou a tradição do
"griot" em seu país, Burkina Fasso. Os griots são poetas e cantadores da cultural oral africana. Por
isso a aliança com o também rapper D'de Kabal, 32.
A musicalidade das palavras é
fundamental na direção de Stéphanie Loïk -haverá legendas
eletrônicas em português. Ela
adaptou "Sozaboy", romance do
escritor e ativista nigeriano Ken
Saro-Wiwa (1941-95), enforcado
pelo regime militar de seu país
por defender a minoria ogoni.
O projeto teatral evoca crianças-soldados numa favela urbana ou
num Iraque sob bombardeio. "A
peça fala desses conflitos por
meio da janela do amor", diz Hassane, filho do também ator Sotigui Kouyaté, que já esteve aqui
com a companhia de Peter Brook.
Sozaboy - Pétit Minitaire
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sesc Santana (av. Luiz Dumont
Villares, 579, tel. 0/xx/11/6971-8700)
Quanto: de R$ 4 a R$ 10
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