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Acusação de "racista" feita por Michael Jackson revolta indústria
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A acusação feita por Michael
Jackson no último sábado, em
Nova York, de que a indústria fonográfica norte-americana é racista revoltou executivos do setor
e causou surpresa inclusive num
dos parceiros do músico, o polêmico reverendo Al Sharpton.
Na ocasião, o rei do pop havia
reclamado de sua gravadora, a
Sony, e dito que seu principal executivo, Tommy Mottola, era "maléfico e racista" e deveria "voltar
ao inferno". Ontem, um alto funcionário da empresa que pediu
para não ser identificado disparou que "acusações de pedofilia, e
não preconceito, arruinaram a
carreira de Jackson".
Em agosto de 1993, um garoto
de 13 anos reclamou a seu terapeuta que havia sido molestado
sexualmente pelo músico. Os pais
do menino entraram com ação
contra Jackson, mas o processo
foi arquivado depois de um acordo financeiro entre as partes, que
pode ter rendido até US$ 24 milhões para a família.
Mesmo Al Sharpton minimizou
as acusações contra Mottola. "Conheço o executivo, e manifestações de racismo nunca foram minha experiência com ele", disse o
ativista negro. Hoje, junto do advogado Johnnie Cochran Jr. e de
Jackson, Sharpton lançaria a
"reunião da música" no Harlem,
bairro negro nova-iorquino.
Juntos, pediriam que os lucros
da indústria fonográfica fossem
divididos igualitariamente entre
artistas brancos e negros. Detratores do músico afirmam que a
recente adesão de Jackson pela
causa tem mais a ver com o fracasso de seu último álbum, "Invincible", com 2 milhões de cópias vendidas nos EUA, do que
com convicção ideológica.
Alguns executivos de outras
gravadoras ouvidos pelo jornal
"The New York Times" disseram
acreditar que os ataques diretos à
Sony e a Mottola são uma estratégia para que o músico rompa seu
contrato com a gravadora sem
pagar o que supostamente deve,
uma quantia que pode chegar a
US$ 55 milhões que teriam sido
investidos na produção e promoção do álbum.
Já pessoas ligadas a Jackson dizem que o que ocorre na verdade
é o contrário: a Sony não promoveu suficientemente o disco para
que o músico se desgaste e abra
mão da parte que tem direito no
catálogo da gravadora, que inclui
quase toda a obra dos Beatles.
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