São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acusação de "racista" feita por Michael Jackson revolta indústria

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A acusação feita por Michael Jackson no último sábado, em Nova York, de que a indústria fonográfica norte-americana é racista revoltou executivos do setor e causou surpresa inclusive num dos parceiros do músico, o polêmico reverendo Al Sharpton.
Na ocasião, o rei do pop havia reclamado de sua gravadora, a Sony, e dito que seu principal executivo, Tommy Mottola, era "maléfico e racista" e deveria "voltar ao inferno". Ontem, um alto funcionário da empresa que pediu para não ser identificado disparou que "acusações de pedofilia, e não preconceito, arruinaram a carreira de Jackson".
Em agosto de 1993, um garoto de 13 anos reclamou a seu terapeuta que havia sido molestado sexualmente pelo músico. Os pais do menino entraram com ação contra Jackson, mas o processo foi arquivado depois de um acordo financeiro entre as partes, que pode ter rendido até US$ 24 milhões para a família.
Mesmo Al Sharpton minimizou as acusações contra Mottola. "Conheço o executivo, e manifestações de racismo nunca foram minha experiência com ele", disse o ativista negro. Hoje, junto do advogado Johnnie Cochran Jr. e de Jackson, Sharpton lançaria a "reunião da música" no Harlem, bairro negro nova-iorquino.
Juntos, pediriam que os lucros da indústria fonográfica fossem divididos igualitariamente entre artistas brancos e negros. Detratores do músico afirmam que a recente adesão de Jackson pela causa tem mais a ver com o fracasso de seu último álbum, "Invincible", com 2 milhões de cópias vendidas nos EUA, do que com convicção ideológica.
Alguns executivos de outras gravadoras ouvidos pelo jornal "The New York Times" disseram acreditar que os ataques diretos à Sony e a Mottola são uma estratégia para que o músico rompa seu contrato com a gravadora sem pagar o que supostamente deve, uma quantia que pode chegar a US$ 55 milhões que teriam sido investidos na produção e promoção do álbum.
Já pessoas ligadas a Jackson dizem que o que ocorre na verdade é o contrário: a Sony não promoveu suficientemente o disco para que o músico se desgaste e abra mão da parte que tem direito no catálogo da gravadora, que inclui quase toda a obra dos Beatles.



Texto Anterior: Polêmica: Não somos heróis, só a lei nos interessa
Próximo Texto: Dança: Deborah Colker volta a pôr os pés no chão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.