São Paulo, sexta, 10 de julho de 1998

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Livro é vingança contra editor que rejeita clássicos

de Nova York

Uma compilação de mais de 400 críticas e rejeições a autores clássicos só poderia ter surgido da "fúria" provocada por outras rejeições e críticas recebidas por seu próprio editor.
Bill Henderson, editor de "Críticas Podres e Rejeições", ficou tão aborrecido com a rejeição do seu próprio livro -ele prefere nem falar a respeito-, que começou a procurar o que tinha sido publicado sobre livros consagrados.
O resultado virou um best seller e uma vingança contra os editores que todos os dias continuam "rejeitando futuros clássicos".
Leia a entrevista que Henderson concedeu à Folha em Nova York.

Folha - Como surgiu a idéia de fazer um livro de "críticas podres"?
Bill Henderson -
Sempre li várias críticas que me deixavam aborrecido, até que um livro meu foi rejeitado, o que me deixou furioso. Comecei então a pesquisar mais críticas de autores consagrados e daí surgiu o livro.
Folha - Que livro seu foi rejeitado?
Henderson -
Isso nem interessa (Henderson teve várias rejeições, a começar por sua primeira história, intitulada "Doutor Salva uma Prostituta Doente", escrita em 1965 para a revista "Esquire" e que não foi publicada). Não foi apenas por causa da minha rejeição, mas de várias rejeições e críticas a livros de amigos meus que eu achava muito bons.
Folha - Como você reuniu o material para o livro?
Henderson -
Esse trabalho levou alguns meses. Comecei lendo biografias, todo tipo de livros sobre os autores clássicos e os próprios clássicos, procurava no índice as reações que esses livros haviam provocado na época, suas críticas, principalmente nas biografias. Além disso, contei com a ajuda de algumas editoras, funcionários de editoras e dos próprios escritores. Tive uma receptividade que não imaginava.
Folha - E qual é a sua opinião sobre essas críticas que você reuniu, agora como um editor de livros?
Henderson -
Olha, eu até concordo com algumas, mas isso eu não abro. É fácil entender essas críticas porque era uma época diferente, com idéias diferentes. Hoje, os editores tendem a ser um pouco mais gentis, mas também pensam muito mais em dinheiro. Não ligam se o trabalho é bom ou não, só pensam se vai vender muito, tornar-se um best seller.
Folha - Que tipo de reação o livro recebeu?
Henderson -
Essa é, na verdade, uma reedição do livro, juntando as "críticas podres" e as rejeições que já haviam sido publicadas separadamente e se tornado best seller. O livro teve uma reação que eu não esperava, não gerou indignação, as pessoas acharam engraçado. Mas eu espero que sirva como exemplo para os editores tomarem mais cuidado.
Folha - Qual é a pior crítica para você?
Henderson -
A de "Folhas da Relva" ("Leaves of Grass"), de Walt Whitman. Aliás, o livro é dedicado a Walt Whitman.



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