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Livro é vingança contra editor que rejeita clássicos
de Nova York
Uma compilação de mais de 400
críticas e rejeições a autores clássicos só poderia ter surgido da "fúria" provocada por outras rejeições e críticas recebidas por seu
próprio editor.
Bill Henderson, editor de "Críticas Podres e Rejeições", ficou tão
aborrecido com a rejeição do seu
próprio livro -ele prefere nem falar a respeito-, que começou a
procurar o que tinha sido publicado sobre livros consagrados.
O resultado virou um best seller
e uma vingança contra os editores
que todos os dias continuam "rejeitando futuros clássicos".
Leia a entrevista que Henderson
concedeu à Folha em Nova York.
Folha - Como surgiu a idéia de
fazer um livro de "críticas podres"?
Bill Henderson - Sempre li várias críticas que me deixavam
aborrecido, até que um livro meu
foi rejeitado, o que me deixou furioso. Comecei então a pesquisar
mais críticas de autores consagrados e daí surgiu o livro.
Folha - Que livro seu foi rejeitado?
Henderson - Isso nem interessa
(Henderson teve várias rejeições, a
começar por sua primeira história,
intitulada "Doutor Salva uma
Prostituta Doente", escrita em
1965 para a revista "Esquire" e que
não foi publicada). Não foi apenas
por causa da minha rejeição, mas
de várias rejeições e críticas a livros
de amigos meus que eu achava
muito bons.
Folha - Como você reuniu o material para o livro?
Henderson - Esse trabalho levou alguns meses. Comecei lendo
biografias, todo tipo de livros sobre os autores clássicos e os próprios clássicos, procurava no índice as reações que esses livros haviam provocado na época, suas
críticas, principalmente nas biografias. Além disso, contei com a
ajuda de algumas editoras, funcionários de editoras e dos próprios
escritores. Tive uma receptividade
que não imaginava.
Folha - E qual é a sua opinião sobre essas críticas que você reuniu,
agora como um editor de livros?
Henderson - Olha, eu até concordo com algumas, mas isso eu
não abro. É fácil entender essas
críticas porque era uma época diferente, com idéias diferentes. Hoje, os editores tendem a ser um
pouco mais gentis, mas também
pensam muito mais em dinheiro.
Não ligam se o trabalho é bom ou
não, só pensam se vai vender muito, tornar-se um best seller.
Folha - Que tipo de reação o livro
recebeu?
Henderson - Essa é, na verdade, uma reedição do livro, juntando as "críticas podres" e as rejeições que já haviam sido publicadas
separadamente e se tornado best
seller. O livro teve uma reação que
eu não esperava, não gerou indignação, as pessoas acharam engraçado. Mas eu espero que sirva como exemplo para os editores tomarem mais cuidado.
Folha - Qual é a pior crítica para
você?
Henderson - A de "Folhas da
Relva" ("Leaves of Grass"), de
Walt Whitman. Aliás, o livro é dedicado a Walt Whitman.
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