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FESTIVAL
Chico César, Zeca Baleiro e Rita Ribeiro, Milton Nascimento e Ney Matogrosso se apresentam hoje
MPB tem noite "esgotada" em Montreux
CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha
O Festival de Jazz de Montreux
(no sul da Suíça), na sua 33ª edição, apresenta hoje, no Auditorium Stravinski, a noite "Brazil",
com as seguintes atrações: Chico
César & Amigos (show com a
participação de Zeca Baleiro e Rita Ribeiro), Milton Nascimento e
Ney Matogrosso.
Quem conseguiu comprar um
ingresso -há mais de uma semana esgotados-, para ocupar um
dos 4.800 lugares existentes, teve
que pagar US$ 50 para assistir ao
show que começa às 20h30, sem
hora prevista para terminar.
"Às vezes, vai até as 3h da manhã", disse Marco Aurélio Mazzola, 49, carioca, produtor e idealizador dessa noite do festival.
Mazzola fala como tudo começou: "Em 75, fui assistir ao festival
e me perguntei por que não havia
música brasileira ali. Então sugeri
para o coordenador e diretor-geral do festival, Claude Nobs, que
fizéssemos uma experiência".
No ano seguinte, o produtor levou para o festival o conjunto A
Cor do Som, o cantor e compositor Gilberto Gil, além do músico
Ivinho.
"Três meses antes dos shows,
me ligaram de lá, dizendo que todos ingressos já haviam sido vendidos. Sugeri uma matinê com ingressos mais baratos. Aceitaram,
mas os ingressos se esgotaram
novamente. Então, disse para tirarem as cadeiras, mas não quiseram. Só no ano seguinte, em que
levei a Elis Regina e o Hermeto
Pascoal, passaram a tirá-las."
A partir daí, a noite brasileira se
tornou um sucesso total e já apresentou Chico Buarque, Ivan Lins,
Djavan, Paulinho da Viola, entre
vários nomes da MPB.
O produtor disse que o festival
já foi mais importante para o Brasil. "Antes, esse era o único festival da Europa para mostrar a música brasileira, agora, já são mais
de 300. Não acredito, honestamente, que ele ainda tenha tanta
importância para o país."
Qualidade
Conhecido por ser o Midas da
música brasileira -suas produções conquistaram 72 discos de
ouro (100 mil discos vendidos), 43
de platina (até 499 mil), 16 de double-platina (acima de 500 mil) e 4
discos de diamante (acima de 1
milhão)-, Mazzola faz parte de
um comitê do festival e diz não receber nada por esse trabalho.
"Não ganho nada, apenas dou
minha colaboração, orientando o
conselho do festival sobre o que é
bom e o que não é dentro da música brasileira", disse o carioca,
que há dois anos não colaborava
mais para o evento.
"Estive muito atarefado, e não
pude realizar os dois últimos festivais. Mas, como a qualidade parece ter caído um pouco, fui chamado novamente para deixar a
noite brasileira como era. Com
qualidade nas suas atrações."
Indagado sobre qual o critério
utilizado em suas escolhas para as
apresentações, ressaltou que os
artistas devem estar se apresentando pela Europa para viabilizar
o custo de produção.
"Tanto o Milton quanto o Ney
estarão se apresentando na Europa nessa ocasião. Não é o caso do
Chico, da Rita e do Zeca. Porque a
gravadora é quem está bancando
a ida deles", disse o criador do selo MZA, do qual estes três últimos
artistas fazem parte.
Para as próximas edições do festival, Mazzola promete levar alguns nomes da música instrumental brasileira.
"Estou pensando no Marcos
Suzano, Hermeto Pascoal, Nó em
Pingo D'Água e Antônio Nóbrega
como sugestões, mas existem
muitos músicos bons para levar",
disse o produtor, que, quando retornar, deve trabalhar no próximo disco de Gal Costa, com músicas de Tom Jobim.
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