São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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FESTIVAL
Chico César, Zeca Baleiro e Rita Ribeiro, Milton Nascimento e Ney Matogrosso se apresentam hoje
MPB tem noite "esgotada" em Montreux

CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha

O Festival de Jazz de Montreux (no sul da Suíça), na sua 33ª edição, apresenta hoje, no Auditorium Stravinski, a noite "Brazil", com as seguintes atrações: Chico César & Amigos (show com a participação de Zeca Baleiro e Rita Ribeiro), Milton Nascimento e Ney Matogrosso.
Quem conseguiu comprar um ingresso -há mais de uma semana esgotados-, para ocupar um dos 4.800 lugares existentes, teve que pagar US$ 50 para assistir ao show que começa às 20h30, sem hora prevista para terminar.
"Às vezes, vai até as 3h da manhã", disse Marco Aurélio Mazzola, 49, carioca, produtor e idealizador dessa noite do festival. Mazzola fala como tudo começou: "Em 75, fui assistir ao festival e me perguntei por que não havia música brasileira ali. Então sugeri para o coordenador e diretor-geral do festival, Claude Nobs, que fizéssemos uma experiência".
No ano seguinte, o produtor levou para o festival o conjunto A Cor do Som, o cantor e compositor Gilberto Gil, além do músico Ivinho.
"Três meses antes dos shows, me ligaram de lá, dizendo que todos ingressos já haviam sido vendidos. Sugeri uma matinê com ingressos mais baratos. Aceitaram, mas os ingressos se esgotaram novamente. Então, disse para tirarem as cadeiras, mas não quiseram. Só no ano seguinte, em que levei a Elis Regina e o Hermeto Pascoal, passaram a tirá-las."
A partir daí, a noite brasileira se tornou um sucesso total e já apresentou Chico Buarque, Ivan Lins, Djavan, Paulinho da Viola, entre vários nomes da MPB.
O produtor disse que o festival já foi mais importante para o Brasil. "Antes, esse era o único festival da Europa para mostrar a música brasileira, agora, já são mais de 300. Não acredito, honestamente, que ele ainda tenha tanta importância para o país."

Qualidade
Conhecido por ser o Midas da música brasileira -suas produções conquistaram 72 discos de ouro (100 mil discos vendidos), 43 de platina (até 499 mil), 16 de double-platina (acima de 500 mil) e 4 discos de diamante (acima de 1 milhão)-, Mazzola faz parte de um comitê do festival e diz não receber nada por esse trabalho.
"Não ganho nada, apenas dou minha colaboração, orientando o conselho do festival sobre o que é bom e o que não é dentro da música brasileira", disse o carioca, que há dois anos não colaborava mais para o evento.
"Estive muito atarefado, e não pude realizar os dois últimos festivais. Mas, como a qualidade parece ter caído um pouco, fui chamado novamente para deixar a noite brasileira como era. Com qualidade nas suas atrações."
Indagado sobre qual o critério utilizado em suas escolhas para as apresentações, ressaltou que os artistas devem estar se apresentando pela Europa para viabilizar o custo de produção.
"Tanto o Milton quanto o Ney estarão se apresentando na Europa nessa ocasião. Não é o caso do Chico, da Rita e do Zeca. Porque a gravadora é quem está bancando a ida deles", disse o criador do selo MZA, do qual estes três últimos artistas fazem parte.
Para as próximas edições do festival, Mazzola promete levar alguns nomes da música instrumental brasileira.
"Estou pensando no Marcos Suzano, Hermeto Pascoal, Nó em Pingo D'Água e Antônio Nóbrega como sugestões, mas existem muitos músicos bons para levar", disse o produtor, que, quando retornar, deve trabalhar no próximo disco de Gal Costa, com músicas de Tom Jobim.


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