São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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ANIVERSÁRIO
Bolo e jam nos 50 anos do blues de King

LUIZ ANTÔNIO RYFF
Associated Press
B.B. King, que comemorou 50 anos de carreira na quarta-feira


especial para a Folha, em Montreux

Maior figura do blues -ao menos a mais popular-, o guitarrista B.B. King comemorou seus 50 anos de carreira com um imenso bolo e um punhado de estrelas que foram soprar as velinhas no palco do Auditorium Stravinsky, o principal do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça.
King foi a atração principal da noite de quarta, que ainda teve o Edgar Winter Project -reforçado pelos guitarristas Rick Derringer e Mitch Perry- e o bluesman adolescente Jonny Lang, um talento precoce nas seis cordas.
O músico passou a maior parte das duas horas de show sentado em uma cadeira tocando clássicos como "Everyday I Have the Blues" ou "Thrill Is Gone".
"Eu sei o que vocês estão pensando. "Esse velho não consegue nem ficar de pé." Bem, vocês estão quase certos", riu. Brincalhão, ele dizia estar feliz em Montreux. "Aos 73 anos, a gente fica feliz de estar em qualquer lugar."
Durante a segunda metade da apresentação, King dividiu o palco, já congestionado pelos sete integrantes de sua banda, com alguns convidados -que foram "obrigados" a sentar, formando uma fila inusitada em frente à platéia. Quase faltou cadeira para acomodar todo mundo. Foram mais 11 músicos, incluindo aí o lendário fundador do festival, Claude Nobs, que tocou gaita.
Entre os participantes da jam session estavam Winter, o pianista George Duke e Kim Wilson (um dos mais famosos gaitistas de blues). Além do "aniversariante", outros seis guitarristas se revezaram nos solos, criando uma noite memorável. Entre eles, Lang, Derringer e o irlandês Gary Moore.
Este, aliás, encerrou a noite seguinte, tocando após o Blondie, com um show repleto de clássicos de blues como "All Your Love", "The Sky Is Crying" e a hendrixiana "Machine Gun" - demonstrando ter atingido a perfeição no domínio do instrumento.
Como qualquer festival de jazz com algum instinto de sobrevivência, o de Montreux se tornou mais abrangente. Até demais. Se o deste ano inclui R.E.M. -no que já está sendo anunciado como a turnê de despedida-; o reverendo Al Green; Khaled, astro do raí (pop do norte da África); o bardo irlandês Van Morrison; também tem a musa adolescente Alanis Morissette e, na noite baiana, Terra Samba.
Tem até jazz, como o pianista Herbie Hancock -pagando tributo a George Gershwin- e Vertù, o novo supergrupo de fusion pilotado pelos ex-integrantes do Return to Forever, o baixista Stanley Clarke e o baterista Lenny White.
Esse ecletismo se traduz na audiência, que abrange de adolescentes com piercing e cabelos pintados a sessentões engravatados. Uma das atrações foi o grupo Blondie, em sua turnê de volta aos palcos. A vocalista Debbie Harry continua cantando bem e conduzindo a massa com eficiência.


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