São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2001

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DISCO/CRÍTICA

Exclusão orienta álbum

DA REPORTAGEM LOCAL

Se Totonho era ou não um artista convencional antes de topar com o produtor gaúcho Carlos Eduardo Miranda, não se pode mais saber. Mas de que ele não é hoje um artista convencional não há dúvidas. A mola que move sua música é o sentimento de exclusão, que orienta sua verve artística desde a faixa de início, "Cabra Pentium", de incômodo instrumental militarista, até a irônica dedicatória a "Madonna, Jesus Cristo e Fidel".
A musicalidade viaja entre referências variadas: Lenine, Fred Zero Quatro, Chico César, Otto, Belchior; Jorge Ben e Ronnie Von ganham citações literais. A equação pende ao contemporâneo (hip hop, drum'n'bass, dance music...), e o que há de tradição vem menos da sagrada MPB que da vivência sertaneja. Impressiona a relação carinhosa/magoada com os ícones de exclusão, condensados no termo "cabra".
As letras são quase sempre desordenadas, mas a aparente desarticulação oculta e desnuda a relação de conflito de Totonho com sua origem e seu futuro. Nem sempre boas, mas nunca vazias.
Acelerado e nervoso, seu som deixa brechas à delicadeza. Nunca uma faixa é toda desse ou daquele jeito -sua música não é inteiriça, é fraturada como a vida de um brasileiro típico no fio da sobrevivência. (PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


Totonho & Os Cabra
   
Lançamento: Trama
Quanto: R$ 25, em média




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