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CRÍTICA
Obra é marco tecnológico, mas apenas isso
DE NOVA YORK
A crítica a "Final Fantasy"
tem de começar falando do
cabelo da heroína do "filme que
vai entrar para a história", como
se está dizendo, por ser o primeiro
a ter personagens humanos criados por computadores.
Diz-se que a cabeleira da dra.
Aki era uma obsessão do diretor,
que envolveu 180 profissionais e
leva 60 mil fios virtuais. Pois parece cabelo crespo alisado à custa de
muito Henê Marú com babosa.
E olhe que foram gastos mais de
US$ 100 milhões no filme. Talvez
este seja seu principal problema.
Você vai assistir querendo pegar
todos os defeitos, como a dizer:
"Ninguém me engana. Mesmo
com a tecnologia, ainda não dá
para substituir atores de verdade
por sequências de zeros e uns".
E há defeitos para todos os gostos. Eis os principais:
1) Os personagens se movimentam muito devagar, como nenhum humano faria sem ter fumado pelo menos um baseado;
2) Da mesma maneira, não demonstram emoção. Isso fica mais
evidente nos momentos de maior
tensão;
3) Os olhos. Os desenhistas japoneses têm uma relação historicamente esquisita com os olhos.
Os de "Final Fantasy" não têm...,
bem, não têm vida.
Mas é (de novo) a história o
principal defeito, assim como de
quase toda a produção recente de
Hollywood. Nos anos 80, os desenhos para adultos se valiam do
meio (a animação) para promover a mensagem (roteiros criativos) -foi o caso de "Heavy Metal" e "The Wall".
Agora, em "Final Fantasy",
ocorre o contrário. O problema
está na origem do projeto, um videogame de sucesso criado pelo
mesmo diretor, o japonês Hironobu Sakaguchi. Jogo não é filme.
Mas não pense que não há ótimos momentos em "FF". Um deles é a primeira cena, em que Aki
sonha, e o Sol reflete nas retinas
de seus olhos e logo depois na lente da "câmera". É quase um aviso
do diretor: nem o olho é verdadeiro, pois a menina é virtual, nem a
câmera existe, já que se trata de
uma animação.
Você pode elogiar "Final Fantasy" por seus avanços tecnológicos, por ter feito para seres humanos animados, como já se disse, o
que a Pixar fez para brinquedos, e
Steven Spielberg, para os dinossauros. Mas é só.
(SÉRGIO DÁVILA)
Final Fantasy
Final Fantasy: The Spirits Within
Direção: Hironobu Sakaguchi e
Motonori Sakakibara
Produção: EUA/Japão, 2001
Quando: a partir de hoje nos cines
Center Norte, Interlagos, Lapa, Pátio
Higienópolis, Unibanco Arteplex e
circuito
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