São Paulo, domingo, 10 de setembro de 2006

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BIA ABRAMO

"Nossos" atores vencerão nos EUA?


Curioso é que o Brasil entra no cenário norte-americano pela via da latinidade genérica

BRUNO CAMPOS está na terceira temporada de "Nip/Tuck"! Rodrigo Santoro vai participar de "Lost"! Sonia Braga, depois de uma carreira tão profícua quanto irregular nos Estados Unidos, integra o elenco de "Páginas da Vida"!
Os pontos de exclamação servem de indicadores do valor "notícia" que esses fatos acabaram assumindo. Os três acontecimentos tornaram-se assunto, foram destacados na mídia e mereceram textos com alguma extensão e visibilidade. Traço do nosso provincianismo crônico isso de ficar medindo e contabilizando qualquer movimento de mais ou menos sucesso que um dos "nossos" faça "lá fora". Sobretudo quando o "lá fora" é a pujante indústria audiovisual norte-americana. Em época de Oscar, tem sido quase patética a torcida pela indicação e, quiçá, premiação deste ou daquele filme brasileiro.
Algumas cinematografias, como a italiana do pós-Segunda Guerra, a francesa nos anos 80, ou autores como Pedro Almodóvar conseguiram furar a barreira xenófoba do cinema hollywoodiano e emplacar atores e atrizes com tradições, belezas e sotaques francamente estrangeiros. Com o Brasil, a "entrada" no imaginário se dá via produção televisiva.
Lentamente, nomes brasileiros chegam com proeminência nos créditos de seriados. O curioso é que, em geral, o elemento Brasil entra no cenário norte-americano pela via de uma latinidade genérica que é veementemente negada pela cultura brazuca. Por mais que nos consideremos especiais, à parte da cafonice da América hispânica, para os EUA somos tão latinos quanto mexicanos, peruanos e argentinos.
Em que pesem todas essas considerações, é mesmo um fator de atração observar como os atores brasileiros se adaptam ao naturalismo da interpretação norte-americana ou, ao contrário, que curtos-circuitos a escola de lá provoca nas produções de cá. Não é o caso de Bruno Campos em "Nip/Tuck", uma vez que, apesar de ter nascido e estreado aqui (em "O Quatrilho"), passou a maior parte da vida nos EUA e é quase gringo. Mas tem sido divertido ver Sonia Braga, a atriz que encarnou uma beleza "ideal" brasileira com Gabriela, voltar, 30 anos mais tarde, em uma roupagem cosmopolita, sofisticada e "nova-iorquinizada" para o Leblon protocivilizado de Manoel Carlos.
Assim como será um enigma ver como Santoro vai se sair na sua missão espinhosa de competir com os atores do ultrahypado "Lost". Será que o bonitão terá alguma chance de se destacar em uma das mais intrigantes séries dos últimos tempos?
biabramo.tv@uol.com.br


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