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BIA ABRAMO
"Nossos" atores vencerão nos EUA?
Curioso é que o Brasil entra no cenário norte-americano pela via da latinidade genérica
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BRUNO CAMPOS está na terceira
temporada de "Nip/Tuck"!
Rodrigo Santoro vai participar de "Lost"! Sonia Braga, depois de
uma carreira tão profícua quanto irregular nos Estados Unidos, integra
o elenco de "Páginas da Vida"!
Os pontos de exclamação servem
de indicadores do valor "notícia" que
esses fatos acabaram assumindo. Os
três acontecimentos tornaram-se
assunto, foram destacados na mídia
e mereceram textos com alguma extensão e visibilidade. Traço do nosso
provincianismo crônico isso de ficar
medindo e contabilizando qualquer
movimento de mais ou menos sucesso que um dos "nossos" faça "lá
fora". Sobretudo quando o "lá fora" é
a pujante indústria audiovisual norte-americana. Em época de Oscar,
tem sido quase patética a torcida pela indicação e, quiçá, premiação deste ou daquele filme brasileiro.
Algumas cinematografias, como a
italiana do pós-Segunda Guerra, a
francesa nos anos 80, ou autores como Pedro Almodóvar conseguiram
furar a barreira xenófoba do cinema
hollywoodiano e emplacar atores e
atrizes com tradições, belezas e sotaques francamente estrangeiros.
Com o Brasil, a "entrada" no imaginário se dá via produção televisiva.
Lentamente, nomes brasileiros
chegam com proeminência nos créditos de seriados. O curioso é que,
em geral, o elemento Brasil entra no
cenário norte-americano pela via de
uma latinidade genérica que é veementemente negada pela cultura
brazuca. Por mais que nos consideremos especiais, à parte da cafonice
da América hispânica, para os EUA
somos tão latinos quanto mexicanos, peruanos e argentinos.
Em que pesem todas essas considerações, é mesmo um fator de atração observar como os atores brasileiros se adaptam ao naturalismo da
interpretação norte-americana ou,
ao contrário, que curtos-circuitos a
escola de lá provoca nas produções
de cá. Não é o caso de Bruno Campos
em "Nip/Tuck", uma vez que, apesar
de ter nascido e estreado aqui (em
"O Quatrilho"), passou a maior parte
da vida nos EUA e é quase gringo.
Mas tem sido divertido ver Sonia
Braga, a atriz que encarnou uma beleza "ideal" brasileira com Gabriela,
voltar, 30 anos mais tarde, em uma
roupagem cosmopolita, sofisticada e
"nova-iorquinizada" para o Leblon
protocivilizado de Manoel Carlos.
Assim como será um enigma ver
como Santoro vai se sair na sua missão espinhosa de competir com os
atores do ultrahypado "Lost". Será
que o bonitão terá alguma chance de
se destacar em uma das mais intrigantes séries dos últimos tempos?
biabramo.tv@uol.com.br
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