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"VIOLAÇÃO DE CONDUTA"
Thriller acelera para dor de cabeça
CRÍTICO DA FOLHA
Uma coisa é a montagem rápida que caracteriza o cinema americano atual: pode-se gostar ou não, mas ela ao menos representa uma sensibilidade -essa de espectadores inquietos, que
só param na poltrona à custa de
chuvas de cortes na película.
Outra coisa é acelerar desmedidamente a montagem para suprir
deficiências de narração ou para
encobrir a fragilidade do roteiro.
É nessa categoria que se encontra
"Violação de Conduta". Tudo é
muito rápido, de modo que o espectador pense que se distraiu e
perdeu alguma coisa, ou que sua
inteligência é pequena para
acompanhar o ritmo da narrativa.
Não é bem assim. "Violação de
Conduta" é um thriller policial
passado nas selvas, no quadro do
Exército. Ali, John Travolta, tira
acusado de suborno, é chamado
por um superior para investigar a
misteriosa morte de um sargento
sádico, Samuel L. Jackson, por alguns subordinados. Um filme do
tipo "quem é o culpado?".
Para que a coisa não pareça tão
elementar assim, promove-se
uma série de interrogatórios de
dois sobreviventes da aventura.
Eles narram, e nós vemos versões
completamente distintas do mesmo fato. Ninguém se iluda: não
estamos diante de um novo "O
Ano Passado em Marienbad". A
única semelhança é que em ambos os casos a história não leva a
mais ou menos nada. Inútil dizer
que, como quase sempre nos últimos dez anos, a culpa que se abate
sobre um soldado raso faz parte
de um jogo de aparências que nos
leva aos altos escalões. Lá estão os
verdadeiros culpados etc. etc.
Aqui, o expediente usado plagia
descaradamente o de "Um Corpo
que Cai", embora não lhe copie o
que devia copiar, a poesia. Por onde quer que se olhe, este "Violação de Conduta" é uma dor de cabeça. Pior para Travolta, que periga estar voltando às vacas magras.
(INÁCIO ARAUJO)
Violação de Conduta
Basic
Direção: John McTiernan
Produção: EUA, 2003
Com: John Travolta, Samuel L. Jackson
Quando: a partir de hoje, no Pátio
Higienópolis, MorumbiShopping e
circuito
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