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CRÍTICA
Garçom, a conta, por favor
SÉRGIO DÁVILA
DA CALIFÓRNIA
Como o próprio Jim Jarmusch, o café puro e o cigarro são cada vez mais um consumo
marginal nos Estados Unidos: a
bebida, apesar da explosão de
consumo causada principalmente pela rede Starbucks, continua
recebendo lambadas de estudos
de saúde e vê sua prima bastarda,
o café descafeinado, dominar a
cena; já o tabaco é o equivalente
moderno do soldado nazista em
filme de guerra.
Assim, parecia natural que os
três assuntos acabassem juntos
no mesmo filme. Donde resulta
"Sobre Café e Cigarros", que o
HSBC Belas Artes exibe hoje, durante o "Noitão", em São Paulo.
Mais do que um longa-metragem, o filme é uma colagem de 11
curtas que se passam todos num
cenário parecido: basicamente
uma mesa, em que os personagens consomem os dois artigos
do título como se não houvesse
um amanhã.
"Sobre Café e Cigarros" começou a ser feito, na verdade, logo
após o terceiro longa do diretor,
"Daunbailó" ("Down by Law";
1986). Jarmusch queria aproveitar
a presença então contagiante de
Roberto Benigni e colocou seu
personagem no filme a conversar
com o ator Steven Wright. Ficou
com sabor de piada repetida.
Logo veio novo episódio, em
1989, em que Steve Buscemi conta
a Joie e Cinqué Lee (irmãos do
também cineasta Spike) sua teoria sobre o irmão gêmeo de Elvis.
Bobo também, especialmente pelos atores-irmãos.
Isso não impediu que um terceiro episódio fosse feito, em 1993,
desta vez com o encontro dos roqueiros Iggy Pop e Tom Waits interpretando eles mesmos, talvez o
melhor da série.
Jim Jarmusch poderia ter parado por aí, mas insistiu em adicionar novos capítulos. Poucos deles
se salvam.
Avaliação:
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