São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

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CRÍTICA

Garçom, a conta, por favor

SÉRGIO DÁVILA
DA CALIFÓRNIA

Como o próprio Jim Jarmusch, o café puro e o cigarro são cada vez mais um consumo marginal nos Estados Unidos: a bebida, apesar da explosão de consumo causada principalmente pela rede Starbucks, continua recebendo lambadas de estudos de saúde e vê sua prima bastarda, o café descafeinado, dominar a cena; já o tabaco é o equivalente moderno do soldado nazista em filme de guerra.
Assim, parecia natural que os três assuntos acabassem juntos no mesmo filme. Donde resulta "Sobre Café e Cigarros", que o HSBC Belas Artes exibe hoje, durante o "Noitão", em São Paulo.
Mais do que um longa-metragem, o filme é uma colagem de 11 curtas que se passam todos num cenário parecido: basicamente uma mesa, em que os personagens consomem os dois artigos do título como se não houvesse um amanhã.
"Sobre Café e Cigarros" começou a ser feito, na verdade, logo após o terceiro longa do diretor, "Daunbailó" ("Down by Law"; 1986). Jarmusch queria aproveitar a presença então contagiante de Roberto Benigni e colocou seu personagem no filme a conversar com o ator Steven Wright. Ficou com sabor de piada repetida.
Logo veio novo episódio, em 1989, em que Steve Buscemi conta a Joie e Cinqué Lee (irmãos do também cineasta Spike) sua teoria sobre o irmão gêmeo de Elvis. Bobo também, especialmente pelos atores-irmãos.
Isso não impediu que um terceiro episódio fosse feito, em 1993, desta vez com o encontro dos roqueiros Iggy Pop e Tom Waits interpretando eles mesmos, talvez o melhor da série.
Jim Jarmusch poderia ter parado por aí, mas insistiu em adicionar novos capítulos. Poucos deles se salvam.


Avaliação:   


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