São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Estreias apresentam mineiros ao público

Grupo Teia, que tem percorrido o mundo, faz seus primeiros lançamentos comerciais

DE SÃO PAULO

Há duas semanas, foram cinco prêmios no Festival de Brasília com "O Céu Sobre os Ombros", de Sérgio Borges.
Na semana passada, foi a vez do vídeo "Alma Nua", de Helvécio Marins Jr., ser apresentado num evento que enlaçava cinema e arte contemporânea no Centre Georges Pompidou, em Paris. Esta semana, serão dois filmes entrando simultaneamente em cartaz em São Paulo: "Acácio" e "A Falta que Me Faz", de Marília Rocha.
Andam assim, sendo acariciados aqui e acolá, os integrantes do grupo Teia. Nascido como ação entre amigos, há dez anos, o coletivo mineiro tem um quê de água mole em pedra dura. Ou de trabalho disciplinado e projeto artístico bem delineado.
"As coisas estão acontecendo com calma", diz Helvécio Marins Jr., um dos seis integrantes do grupo unido pelo desejo de fazer cinema.
Marins diz ter sentido o perigo do canto do cisne quando, em 2006, ganhou Brasília com o curta "Trecho". "Ali eu vi o quanto é fácil o artista ficar cheio de certezas sobre seu trabalho. Então o que a gente quer é só continuar fazendo nossos filmes."

FLIPERAMA Os dois longas-metragens de Marília Rocha são as primeiras estreias comerciais desse grupo que já teve suas imagens projetadas em vitrines do porte de Sundance, Locarno e Roterdã.
"A Falta que Me Faz" se passa na Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. A câmera, quase sempre fixa, ouve, com calma, um grupo de meninas adolescentes.
"Acácio" entrelaça memória e arte ao resgatar a história do artista plástico português Acácio Videira. Os dois filmes refutam a ideia de que um documentário deve ter como ponto de partida o tema.
Rocha e seus companheiros de teia acreditam que de qualquer lugar e de qualquer história é possível extrair um filme. Basta saber fazê-lo.
Mas isso não significa um dar de ombros para a narrativa. Ao contrário. Marins diz, inclusive, que o próximo longa do grupo, "Girimunho", assinado por ele e Clarissa Campolina, traz um forte trabalho de dramaturgia.
"A gente troca ideias o tempo todo, um tenta participar do filme do outro, mas vamos seguindo nossos caminhos". É um pouco o que disse Godard quando questionado sobre o que tinham em comum os diretores da nouvelle vague: "Todos gostamos de jogar fliperama".
Na Teia, todos gostam de correr riscos com a câmera.
(APS)

ACÁCIO E A FALTA QUE ME FAZ

DIREÇÃO Marília Rocha
ONDE nos cines Belas Artes e Unibanco Arteplex
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


Texto Anterior: Crítica/Drama: Trama trágica de dor exacerbada anula a empatia do espectador
Próximo Texto: Conjuntos culturais continuam fechados
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.