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Só anjos têm asas
Cinebiografia do milionário Howard Hughes, feita pelo veterano Martin Scorsese, estréia hoje no Brasil, com 11 indicações ao Oscar
SÉRGIO DÁVILA
DA CALIFÓRNIA
Como dr. Jekyll e mr. Hyde, dr.
Frankenstein e a Criatura, Martin
Scorsese e Howard Hughes são
opostos que se atraíram na criação. O cineasta nova-iorquino de
62 anos, autor de clássicos como
"Taxi Driver" (76), "Touro Indomável" (80) e "Bons Companheiros" (90), é o pai de "O Aviador",
cinebiografia do multimilionário
norte-americano (1905-1976) que
colocou no ar com a ajuda do ator
Leonardo DiCaprio, que interpreta o personagem-título.
"Howard achava que o importante é o futuro. Para mim, o futuro está no passado", disse à Folha
o diretor, do alto de seu 1,60 m,
uma metralhadora giratória de
cuja boca saem centenas de palavras por minuto -uma vantagem do ponto de vista jornalístico, uma vez que a cada repórter o
diretor concede entre 15 e 20 minutos de conversa, e editorial, já
que pouco do que fala se perde.
Se "Gangues de Nova York"
(2002) colocou o diretor de volta
ao grande circuito, com uma bilheteria de mais de US$ 100 milhões (R$ 260 milhões) e dez indicações ao Oscar (todas perdidas),
"O Aviador", que estréia hoje, pode valer a primeira estatueta da
carreira do diretor. É sua sétima
indicação, a quinta na direção, todas ignoradas pela Academia, que
entrega seu prêmio em cerimônia
no próximo dia 27. A diferença é
que agora Scorsese tem chances
reais. "É tudo vaidade", diz ele.
É a cinebiografia do texano que
foi dono de estúdio de cinema
(RKO) e de companhia de aviação
(TWA), batedor de recordes aéreos, inventor de avião (o Hércules) e do sutiã de armação, namorado entre outras das atrizes Jean
Harlow, Katharine Hepburn, Bette Davis, Olivia de Havilland e Ava
Gardner, que sofria de TOC
(transtorno obsessivo compulsivo) e foi se tornando cada vez
mais excêntrico e recluso a ponto
de haver dúvida se sua morte
ocorreu mesmo em 1976.
O filme conseguiu US$ 75 milhões (R$ 196 milhões) nos EUA
até agora, bilheteria turbinada pelas 11 indicações ao Oscar, e serviu
para reafirmar a ligação de Scorsese com DiCaprio, parecida com
a que o diretor teve antes com Robert de Niro, presente em oito
longas scorsesianos. Agora, preparam seu terceiro filme juntos,
"The Departed", baseado na trilogia de filmes "Infernal Affairs",
sucesso de Hong Kong dos diretores Andrew Lau e Alan Mak.
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