São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

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Só anjos têm asas

Cinebiografia do milionário Howard Hughes, feita pelo veterano Martin Scorsese, estréia hoje no Brasil, com 11 indicações ao Oscar

SÉRGIO DÁVILA
DA CALIFÓRNIA

Como dr. Jekyll e mr. Hyde, dr. Frankenstein e a Criatura, Martin Scorsese e Howard Hughes são opostos que se atraíram na criação. O cineasta nova-iorquino de 62 anos, autor de clássicos como "Taxi Driver" (76), "Touro Indomável" (80) e "Bons Companheiros" (90), é o pai de "O Aviador", cinebiografia do multimilionário norte-americano (1905-1976) que colocou no ar com a ajuda do ator Leonardo DiCaprio, que interpreta o personagem-título.
"Howard achava que o importante é o futuro. Para mim, o futuro está no passado", disse à Folha o diretor, do alto de seu 1,60 m, uma metralhadora giratória de cuja boca saem centenas de palavras por minuto -uma vantagem do ponto de vista jornalístico, uma vez que a cada repórter o diretor concede entre 15 e 20 minutos de conversa, e editorial, já que pouco do que fala se perde.
Se "Gangues de Nova York" (2002) colocou o diretor de volta ao grande circuito, com uma bilheteria de mais de US$ 100 milhões (R$ 260 milhões) e dez indicações ao Oscar (todas perdidas), "O Aviador", que estréia hoje, pode valer a primeira estatueta da carreira do diretor. É sua sétima indicação, a quinta na direção, todas ignoradas pela Academia, que entrega seu prêmio em cerimônia no próximo dia 27. A diferença é que agora Scorsese tem chances reais. "É tudo vaidade", diz ele.
É a cinebiografia do texano que foi dono de estúdio de cinema (RKO) e de companhia de aviação (TWA), batedor de recordes aéreos, inventor de avião (o Hércules) e do sutiã de armação, namorado entre outras das atrizes Jean Harlow, Katharine Hepburn, Bette Davis, Olivia de Havilland e Ava Gardner, que sofria de TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e foi se tornando cada vez mais excêntrico e recluso a ponto de haver dúvida se sua morte ocorreu mesmo em 1976.
O filme conseguiu US$ 75 milhões (R$ 196 milhões) nos EUA até agora, bilheteria turbinada pelas 11 indicações ao Oscar, e serviu para reafirmar a ligação de Scorsese com DiCaprio, parecida com a que o diretor teve antes com Robert de Niro, presente em oito longas scorsesianos. Agora, preparam seu terceiro filme juntos, "The Departed", baseado na trilogia de filmes "Infernal Affairs", sucesso de Hong Kong dos diretores Andrew Lau e Alan Mak.


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